História da Bahia (Salvador)
Texto extraído do livro
intitulado Fortes e Faróis, de autoria de
Ricardo Siqueira
A Companhia
das Índias Ocidentais – uma associação entre governo e empresas privadas, com
objetivo militares e colonizadores – financiava as constantes incursões de
frotas inimigas ao litoral brasileiro. Às vezes, veladamente, apoiava também as
pilhagens de piratas a engenhos e povoados. Em 1647 e 1648, nada menos que 53
fazendas do Recôncavo Baiano foram saqueadas pelas tropas de Siegemund von
Schokoppe. Em 1587, 1599 e 1604, ocorreram novas visitas de piratas holandeses.
O Forte de
Monte Serrat, construído entre 1583 e 1587, cruzava fogo com o forte de Santo
Antônio (da Barra), formando a principal defesa durante os primeiros 50 anos de
Salvador (Bahia). Foi ocupado pelos holandeses em 1624, mas seus soldados
tiveram tempo de fugir e armar uma trincheira com dois canhões de bronze nas
imediações para isolar o inimigo. Dali, a resistência baiana preparava
emboscadas, partia para queimar pequenos navios e atirar contra tropas
holandesas. Tentando ataca-la, os comandantes Van Dorth e Schooter foram
mortos.
Em 1837,
invadido pelos sabinos, Monte Serrat bombardeou quatro lanchas da Marinha
Imperial que tentava desembarcar 60 fuzileiros na praia. No dia seguinte, viria
a resposta governista com um fragata, uma corveta, cinco lanchas e um
destacamento por terra. Sob fogo cruzado, os rebeldes entregaram o forte.
Monte Serrat
integra, junto com a Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat, o sítio histórico de
Monte Serrat/Boa Viagem, tombado em 1957. E a sua arquitetura, destacando-se a
grande altura das guaritas e o seu formato em torreão circular recoberto por
cúpulas, é exemplo de mistura entre os estilos medieval e colonial.
Uma curiosidade: certa manhã o
Presidente da Província (baiana) decidiu demolir as muralhas (do forte) e
derreter o ferro dos (seus) canhões. Na hora do almoço, para mostrar a
utilidade das peças (passíveis de desaparecimento), o oficial de plantão no
forte desfechou um tiro de canhão carregado com queijo, que bateu no muro do
Palácio Presidencial, a quilômetros dali. Era a sobremesa do Presidente.
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