quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A FERRARI 275 GTB - UMA OBRA PRIMA DE DESIGN E DE TECNOLOGIA

Automóveis



Para os amantes de carros, joIas DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA.




Publicado por Alexandre Beluco,
é engenheiro, pesquisador, professor universitário.

Especialista em energias renováveis.
Apaixonado por motores de dois tempos.



A Ferrari 275 sucedeu a 250 e foi produzida durante os anos 60. Foi o último esportivo da marca antes que a Fiat assumisse o controle acionário e é ainda anterior aos grandes esportivos com motor central. Atualmente, é um dos modelos que alcança os maiores valores em leilões e é um dos mais cobiçados pelos colecionadores. É um GT clássico!

A Ferrari 275 foi lançada em 1964 e sucederia a Ferrari 250...
Algumas 250, aliás, entraram para a história! Uma 250 que pertenceu ao ator Steve McQueen foi arrematada recentemente em um leilão pela extraordinária quantia de US$ 2,31 milhões. Outras 250, que teriam pertencido a um fabricante de tratores, foram tão mal sucedidas na tarefa de agradar seu proprietário que o levaram a criar a Lamborghini, uma das maiores concorrentes da Ferrari.
Mas... retornando a 275:


Ela foi produzida entre 1964 e 1968, com carroceria projetada por Pininfarina e a partir de 1966 montada por Scaglietti. Ela tinha motor dianteiro longitudinal, com tração traseira. Era impulsionada por um motor idealizado por Gioachino Colombo, com 12 cilindros em V a 60 graus, produzindo primeiro 300 HP e depois 330 HP. Esse motor tinha 3,3 litros e recebia 3 ou 6 carburadores Weber. É um GT clássico!
Mas o que é um GT? A sigla GT vem da expressão grand tourer (ou em italiano gran turismo) e se refere àquele que percorre o grand tour com conforto e com estilo. O grand tour tradicionalmente é um circuito realizado pelas cidades mais importantes ou mais badaladas da Europa, reservado apenas aos mais afortunados e que se consolidou entre os séculos XVII e XIX.
A sigla GT é associada a automóveis esportivos e com razoável requinte, capazes de desenvolver altas velocidades (sujeitos a multas então?) ou capazes de permitir uma experiência de condução superior. Um GT é usualmente um automóvel coupé de duas portas e dois lugares (ou 2+2 lugares, como se diz, quando os “outros dois” lugares servem apenas para crianças).
A denominação da 275 vem sempre acompanhada da sigla GTB que além de um gran turismo também sugere se tratar de uma berlinette. É um tipo específico de esportivo com duas portas, com o vidro traseiro inclinado e com a traseira em um painel aproximadamente vertical. As berlinetas surgiram nos anos 1950 e foram lançadas principalmente pelas italianas Ferrari, Maserati e Alfa Romeo.
O design do corpo da 275 é limpo. O condutor é colocado logo a frente do eixo traseiro (o que tem consequências diretas sobre a experiência de condução!) e o carro tem apenas dois lugares. Atrás do condutor, o esportivo tem suas formas definidas pelo que parecia ser mais adequado em seu tempo. À sua frente, um longo cofre de motor. A foto em perfil, abaixo, ilustra essa distribuição de volumes.


A traseira da 275 tem o vidro inclinado a cerca de 30 graus, sem que o porta malas esteja nitidamente identificado (mesmo que a carroceria corresponda a um sedan). O painel traseiro é aproximadamente vertical, com as sinaleiras circulares em suas extremidades exteriores.


O para brisas da 275 é bastante inclinado e encurvado, para reduzir o arrasto do conjunto da carroceria mas ainda assim garantir boa visibilidade em todas as direções. As portas são inclinadas para trás, concedendo ao conjunto uma forte impressão de movimento.
A dianteira da 275 apresenta um longo capô (para cobrir um longo motor!), com os faróis cobertos por bolhas aerodinâmicas. Uma entrada de ar baixa domina a parte frontal inferior. Saídas de ar colocadas nos para lamas ajudam a dissipar o calor produzido pelo motor.


A entrada de ar é ladeada pelos dois para choques frontais como se esses fossem "bigodes". Os piscas laterais aparecem entre os para choques e as bolhas dos faróis. Há piscas também logo atrás das bolhas, em direção aos para lamas. Logo acima da entrada de ar aparece o símbolo do cavallino rampante.


Houve algumas versões diferentes ao longo dos quatro anos de produção. Essas versões podem ser diferenciadas pelas mudanças efetuadas no motor. Com as mesmas dimensões, nos dois primeiros anos era usado comando simples, enquanto nos dois anos seguintes foi adotado comando duplo de válvulas, rendendo mais 30 HP de potência. As 275 com comando duplo são denominadas como GTB/4.
Houve uma versão conversível, denominada como Spider, com a carroceria bastante modificada, dedicada principalmente ao mercado americano, grande consumidor de esportivos da Ferrari. Houve também versões para competição, denominadas como GTB/C (de competizioni), sendo uma específica para o mercado norte-americano e denominada como NART (north american racing team).
A 275 GTB foi a primeira Ferrari a ser equipada com uma transmissão às rodas traseiras mais moderna. Essa transmissão consistia em uma dispositivo mecânico único integrando o eixo de transmissão, o diferencial e os componentes associados do eixo de tração. Um mecanismo mais simples, mais leve, mais eficiente.
A Ferrari 275 foi citada no filme "60 segundos". Quando o bandido-mocinho ladrão-de-carros Memphis Raines tenta descobrir que carros estariam estocados em uma garagem de uma loja de esportivos, ele se passa por um empresário de passagem por Los Angeles. Ele pergunta por uma Ferrari 275 GTB e o vendedor diz que ele, querendo esse carro, seria um autêntico connaisseur.
Aliás, o ator Steve McQueen também teve uma 275. Na verdade, ele teve duas. Uma Spider, destruída em um acidente, e uma GTB/4, adquirida zero-km quando ele atuava nas filmagens da primeira versão de Thomas Crown. Este exemplar foi vendido recentemente, após uma restauração completa, pela quantia (também) extraordinária de US$ 10.175.000.
Uma 275 GTB/4 Spider vendida nos Estados Unidos em 1967 e que permanecera durante 45 anos com a mesma família alcançou em leilão a (ainda mais!) extraordinária quantia de US$ 27,5 milhões. Era um exemplar com baixíssima quilometragem, usado apenas eventualmente por seus proprietários, mantido rigorosamente em suas características originais.
Foram produzidas pouco menos de mil unidades!




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