sábado, 9 de janeiro de 2016

A MANIPULAÇÃO SEGUNDO HOLLYWOOD


Arte cinematográfica



Publicado por Clarice Amélia,

“... artista mineira que alimenta a fotografia e a escrita como hobbies. Ideológica e misteriosa. Viciada em viagens, filmes, livros e café. Fim.”

 
Como o cinema estadunidense interferiu na sociedade do século XX e manipulou raciocínios populares ao longo das décadas.


 
A cinematografia de Hollywood teve sua grande explosão na década de 20 pelo início do cinema falado. A mudança de hábitos dos cinematógrafos foi grande e rápida. Popularizava-se o chamado American Way of Life, as bandas de jazz e a ousadia na moda que vigorou até a crise de 29. Em 1921, Rodolfo Valentino estreia com O Sheik e abre espaço para artistas que logo se consagraram: Charles Chaplin, Greta Garbo, Bebe Daniels, etc. A Metro- Goldwyn Mayer Corporation de radiofusão e publicação (1924) é fundada em Los Angeles já iniciada com âmbito mundial.





No Brasil, tem início uma razoável produção cinematográfica regionalista ocorrendo um movimento nacional pró-sétima arte capitaneado pelas principais revistas da época: Paratodos e Selecta. Porém, estas iniciativas logo decaíram, no começo da década seguinte, sobretudo por conta da superioridade dos filmes estrangeiros. A popularização do estilo de vida americano já chegava ao povo brasileiro: a autoimagem como referência para a maioria dos habitantes dos Estados Unidos teve uma modalidade de comportamento dominante desenvolvida através da expressão "ethos... nacionalista" do século XVIII. Relaciona-se muito o American Way com o American Dream.
Os fatores sociais que levam a uma mudança cultural eficiente estão, possivelmente, interligados com a manipulação pela arte e educação. Depois da primeira guerra mundial (1918), os Estados Unidos se industrializa rapidamente e se coloca no topo da economia. Por 10 anos, a euforia econômica mundial estava nas mãos dos EUA. O que acontecia em Hollywood era a reafirmação dessa superioridade cultural americana. A popularização da sétima arte Hollywoodiana nos anos 20 manipulava o resto do mundo ainda mais à submissão aos americanos, não somente pelo consumo exacerbado, mas também pelos padrões estadunidenses de vida.

 
Logo chegou a Crise de 1929 e o American Way of Life sentiu a ameaça de cair por inteiro sob a pressão da quebra da Bolsa de Nova York. O mundo inteiro afetou-se rapidamente (vulgo queda das Bolsas de Londres, Berlim e Tóquio) e se viu em uma Grande Depressão. Toda essa tensão incomodava a indústria cinematográfica americana, que começou a usufruir da técnica de Escapismo (desejo de evasão).
Muito utilizado pelo Romantismo no século XIX, o Escapismo é o alívio ou a distração mental de obrigações ou realidades desagradáveis recorrendo a devaneios e imaginações. Sem personagens complexos e com narrativas de fácil resolução, os filmes escapistas assumem a forma de musicais, comédias, romances e aventuras exóticas. São capazes de transportar os espectadores a um mundo desconhecido, longe dos problemas cotidianos. Exemplos: O Milhão (1931) e Diabo a Quatro (1933).
Percebendo o resultado positivo do escapismo cinematográfico, Hollywood investiu durante décadas nesse gênero. Durante a segunda guerra mundial e no período pós-guerra, o mundo se deprimiu com o grande número de mortes e com a miséria. Na rotina teatral, o Teatro do Absurdo entrou com o pé direito: a loucura de transformar um cigarro em uma cenoura na peça A Espera de Godoh colocava o ser humano em uma situação ilusiva. Filmes como Confidências à Meia Noite (1959) e Como Agarrar um Milionário (1953) foram publicados com o mesmo propósito imaginário.


O cinema teve uma grande influência na Guerra Fria. Para fazer o mundo ficar à mercê dos EUA novamente, eram necessárias estratégias. Um dos mais famosos de todos os filmes produzidos, na época, é 007. O espião foi criado após a Segunda Guerra Mundial e seu grande objetivo era se infiltrar em campos inimigos, ou seja, comunistas e, geralmente, russos. "Moscou Contra 007" mostra bem o tema e é o segundo filme da série baseada nos livros de Ian Fleming. Com a queda do Muro de Berlim, 007 passou por uma crise existencial e o espião galã teve que procurar outros vilões para combater.

Ainda na área dos espiões, só que para um lado mais divertido, aparece "Agente 86": o atrapalhado Maxwell Smart fazia de tudo para conseguir salvar os EUA dos inimigos. Até mesmo Alfred Hitchcock fugiu um pouco do seu estilo e entrou no clima da guerra. Se antes o suspense tomava conta da maior parte do seu trabalho; em "Topázio" (1969) ele funciona mais como um atrativo em meio a uma trama política sobre espionagem e mísseis soviéticos escondidos em Cuba durante a Guerra Fria.

E o que acontecia no Brasil?

Na década de 60, o Brasil sofria com a Ditadura Militar que contou com o apoio, inclusive, do próprio Estados Unidos. Nos anos 70, a chamada "síndrome vira-lata" de submissão ao governo americano era forte. Até os anos 90, o país tomou características marcantes de subdesenvolvimento: famílias com 15 bocas para alimentar normalmente situavam-se em estado caótico de miséria. Enquanto isso, Hollywood retomava a sua fuga da realidade e lançava Star Wars, Indiana Jones, Superman, etc. alimentando a imaginação do ser humano (principalmente do brasileiro) em relação ao sobrenatural.

E que criança faminta que entrava no cinema e assistia Superman lembrava da fome logo após a sessão?

Só para lembrar: "Que a força esteja com você!" (Star Wars)


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