Mundo
Roland HughesBBC News
Sempre no topo dos rankings globais de qualidade de vida, a
Noruega é considerada por muitos o país ideal para se viver.
Esta semana, por exemplo, a ONU afirmou que, pelo 12º ano
consecutivo, a Noruega segue no primeiro lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), em que 188 nações são analisadas segundo parâmetros como
expectativa de vida e educação.
Mas o melhor lugar do mundo para se viver também tem lá seus
problemas - embora boa parte deles, certamente, seja muito menos grave que os
de países que aparecem muito abaixo no ranking de IDH da ONU.
Confira abaixo cinco aspectos da vida na Noruega que são
alvos de crítica dentro e fora do país.
1. Impostos, impostos e mais impostos
A Noruega tem uma das mais altas taxas de impostos do mundo:
39%. Já foi inclusive mais alta, 47,5%, mas vem caindo nos últimos anos.
Se os altos impostos já assustam, espere até você querer
comprar uma cerveja.
Segundo o site pintprice.com, no qual as pessoas podem
registrar quanto pagaram pela bebida, um pint (pouco mais de meio litro) de
cerveja na Noruega é o segundo mais caro do mundo: lá custa uma média de US$
10,40 (R$41,6).
Se quiser economizar na cerveja, talvez seja melhor você ir
beber no Tajiquistão, onde um pint sai por US$ 0,45 (R$1,8)
3. Drogas letais
A Noruega tem o segundo índice mais alto da Europa de mortes
por overdose de drogas: são 70 mortes por um milhão de pessoas.
Comparativamente, a media europeia é de 16 por um milhão.
Image copyright Reuters |
Apenas a Estônia tem uma taxa mais alta, e ela vem caindo.
Na Noruega, o alto custo das drogas vem sendo citado em
estudos como um fator para que os usuários escolham injetar drogas, ao invés de
fumá-las, para assim obter efeitos mais intensos.
Mas segundo uma reportagem da Associated Press, autoridades
das duas maiores cidades norueguesas, Oslo e Bergen, estão estudando políticas
mais radicais para lidar com o problema.
4. Gasolina cara
O preço da gasolina na Noruega também está entre os mais
altos do mundo, juntamente com a Holanda, Hong Kong e Djibouti. O preço médio
de um litro de gasolina é de US$ 1,61.
A razão, mais uma vez, estaria ligada os altos impostos.
5. Lobos em perigo
A medida que o número de caçadores aumenta no país, algumas
espécies selvagens veem suas populações encolherem.
O jornal britânico The Guardian publicou recentemente que,
segundo estimativas oficiais, só restam 30 lobos selvagens vivos na Noruega e o
governo está dando permissões para que 16 deles sejam caçados.
Mais de 11 mil pessoas já se inscreveram para obter essas
licenças.
Qualidade de vida
Apesar de críticas pontuais, a Noruega continua ostentando o
título de melhor país do mundo para se viver.
Isso porque, há 12 anos, o país nórdico lidera o ranking de
Índice de Desenvolvimento Humano (ou IDH). O levantamento, que mede o progresso
das nações, analisa três pilares principais: expectativa de vida, educação e
renda per capita (renda por habitante).
A Noruega não lidera em todas as categorias, mas a média do
país é superior à dos demais.
Veja abaixo por que a Noruega é considerada o país mais
desenvolvido do mundo.
Expectativa de vida
Na Noruega, a expectativa média de vida da população é de
81,6 anos. Para efeitos de comparação, segundo a ONU, homens e mulheres no
Brasil vivem, em média, 74,5 anos.
Educação
A Noruega possui altos índices de escolaridade, tanto para
crianças quanto para adultos. Estima-se que uma criança que acabe de nascer no
país estude por pelo menos 17,5 anos. Já a média de anos de educação de adultos
é de cerca de 12,6 anos.
Renda per capita
Imagine somar todos os salários de uma determinada população
e dividi-los pelo número de habitantes. Trata-se da renda per capita. Na
Noruega, ela é de US$ 64.992. Já no Brasil, é de US$ 15.175.
A alta renda per capita na Noruega é em grande proveniente
do dinheiro do petróleo, que por sua vez é alocado em um fundo exclusivamente
para fins sociais, como investimentos em educação. Tal medida garantiu um ciclo
virtuoso ao país ou, em outras palavras, a manutenção de um Estado de bem estar
social invejado por muitas outras nações.
Além disso, a Noruega é reconhecidamente um país onde
praticamente inexiste desigualdade entre homens e mulheres.
Segundo a ONU, entre 1970 e 2010, o país implementou uma
série de políticas de gênero, como, por exemplo, licença-paternidade remunerada
de 10 semanas.
Em 1979, a Noruega também aprovou uma lei que proíbe
qualquer discriminação de gênero no local de trabalho, seja relacionada
gravidez, nascimento ou licenças.
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