segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

(GRETA) GARBO: A DAMA MISTERIOSA



ARTE CINEMATOGRÁFICA

(O MAIOR ÍCONE DO CINEMA MUNDIAL)


Publicado por Vitor Dirami

 Pouco se sabe sobre ela, uma das verdades é que foi uma das mulheres mais fascinantes do século XX. Afinal, quem era Greta Garbo? Embarque agora numa viagem pela vida da dama mais misteriosa do cinema.
 


A mulher mais misteriosa do século se chamava na verdade Greta Lovisa Gustafsson, nascida em Estocolmo - capital do Reino da Suécia - em 18 de setembro de 1905. Vinda de uma família pobre, ela era a caçula de dois irmãos. Começou a trabalhar muito cedo, aos 14 anos, e por consequência teve de abandonar os estudos. A carreira artística nasceu quando Greta começou a fazer pequenos filmes publicitários para lojas de departamento de Estocolmo. Aos poucos, ela começou a se destacar e chamar atenção do público. Em um comercial de padaria Greta conseguiu ser engraçada e se fazer notar. Ironicamente, aquela que viria a ser uma das maiores atrizes dramáticas do cinema, deu seus primeiros passos como comediante.

Após conseguir uma bolsa de estudos na Academia Real de Teatro Dramático, onde estudou por dois anos, Greta foi descoberta pelo diretor finlandês Mauritz Stiller, que passou a ser um grande entusiasta da jovem Greta Gustafsson. Os dois fizeram um único filme juntos, A Saga de Gösta Berling (Gösta Berlings Saga, 1924); onde ela desabrochou seu talento e dava sinais da grande atriz que viria se tornar. Em consequência do sucesso do filme, Greta e Stiller foram contratos pelo chefão da MGM Louis B. Mayer, que ficara encantado com a performance da atriz em A Saga de Gösta Berling. Nesse momento nasceu aquela que todo o mundo conheceria com o nome de Greta Garbo. Pouco antes, Garbo fizera sua segunda e última aparição no cinema europeu - foi no filme alemão A Rua das Lágrimas (Die Freudlose Gasse, 1925); do diretor austríaco Georg Wilhelm Pabst - um dos primeiros filmes do movimento Nova Objetividade e recheado de conotação social, A Rua das Lágrimas permanece como um dos trabalhos mais sérios e menos famosos da atriz.

Ao chegar em Hollywood, o sucesso não foi imediato. Garbo ainda não era a mulher belíssima imortalizada nas telas de cinema. Como quase toda atriz na antiga Hollywood, Garbo passou por uma transformação, teve de perder peso, seus dentes foram corrigidos e seus cabelos loiros foram escurecidos. Realmente, ela aparece loira em poucos filmes, parece que as loiras ainda não faziam tanto sucesso em Hollywood naquela época. Mas, seu grande desafio era a língua, ela ainda não falava inglês e o forte sotaque sueco era um enorme incômodo. Com o tempo ela se tornou fluente na língua, e seu inglês parecia mais com o britânico com acento charmoso.


O primeiro sucesso foi em Laranjais em Flor (The Torrent, 1926), onde ela provou que viria a ser a maior estrela do cinema mudo da década. Aclamada pela crítica e amada pelo público, o sucesso prosseguiu em filmes comoTerra de Todos (The Temptress, 1926); A Carne e o Diabo (Flash And The Devil, 1926); Anna Karenina (Love, 1927) e Mulher de Brio (A Woman of Affairs, 1928). Em A Carne e o Diabo, Garbo contracenou com John Gilbert, um dos maiores astros do cinema mudo, surgia ali um dos pares românticos mais inesquecíveis da história do cinema. Os dois iniciaram um tórrido relacionamento amoroso de idas e vindas, Gilbert a pediu em casamento, mas Garbo o abandonou poucos meses antes da cerimônia.



A essa altura, Garbo já era a maior estrela de cinema da época e a mulher mais bela e desejada do mundo. Seu último filme mudo foi O Beijo (The Kiss, 1929); e sua carreira foi posta à prova quando os filmes mudos foram substituídos pelos falados. Todos se perguntaram: como seria sua voz? Será que ela falava inglês? Sim e sim. Garbo brilhou em seu primeiro filme sonoro Anna Christie (1930), um sucesso de público e crítica que a tornou uma estrela do cinema sonoro e lhe garantiu uma nomeação ao Oscar de melhor atriz - a primeira das quatro que recebeu ao longo da carreira. Outros monstros do cinema mudo não tiveram a mesma sorte, vários sucumbiram ao ostracismo e à morte. Incluindo John Gilbert, cujo grande amor da vida foi Garbo.



Poucas vezes na história do cinema se viu uma atriz como Garbo. Seu estilo a fazia única dentre todas as grandes estrelas da época. Sua beleza estonteante aliada a um poderoso magnetismo pessoal e a eterna aura de mistério que permeava sua imagem, deslumbrava o público que ficava entorpecido com a arte daquela mulher incrível. Garbo se comunicava com a plateia através do rosto e de sua expressão facial, seu olhar era fulminante e exprimia todas as emoções necessárias. A expressão facial era de suma importância na era do cinema mudo pois com a ausência de som os atores precisavam fluir os sentimentos através dos gestos e expressões faciais, mas a interpretação de Garbo era algo inacreditável, inalcançável. Garbo elevava a arte dramática ao máximo, ela exprimia tudo o que é o cinema de verdade. Ela era a dama misteriosa, igual ao título de seu filme de 1928.

Em 1929, o famoso fotógrafo Edward Steichen fotografou Garbo para a revista Vanity Fair. A foto de Garbo apoiando as mãos na cabeça se tornou lendária. Extensamente copiada, ela parece refletir um profundo desespero interior da atriz, ao passo que o medo e o terror transpassam a profundidade da própria fotografia.


Ao longo dos anos 30 Garbo manteve-se como uma das maiores estrelas do cinema da época. Filmes como Mata Hari (1931); Grande Hotel (Grand Hotel, 1932); Rainha Cristina (Queen Christina, 1933); Anna Karenina (1935); A Dama Das Camélias (Camille, 1937) e Ninotchka (1939); alimentavam sua fama, seu sucesso e o mito de uma grande diva. Grande Hotel foi um dos maiores êxitos de Garbo, considerado o primeiro filme all-star do cinema, por juntar muitos astros numa mesma produção. Nele, ela interpreta a melancólica bailarina Grusinskaya, que pronuncia a frase que marcaria Garbo pelo resto de sua vida: "I want to be alone" (Eu quero ficar sozinha). Na época temeu-se que a bilheteria do filme não correspondesse aos dinheiro gasto com os salários de seus protagonistas, contudo o sucesso foi incontestável e Grande Hotel obteve o Oscar de melhor filme de 1932.

Sem dúvidas, A Dama Das Camélicas foi o maior sucesso de sua carreira. Baseado no romance de Alexandre Dumas Filho, Marguerite Gautier foi o personagem da vida de Garbo. A interpretação dela para a cortesã que se apaixona por Armand Duval (Robert Taylor) e vive um amor impossível até as últimas consequências é emocionante, e o resultado não podia ser outro se não um sucesso avassalador. Apesar de ser um romance muito melancólico, Garbo está especialmente diferente nesse filme, ela adiciona um pouco mais de ternura e ironia a história triste de Marguerite Gautier.





A sua aposentadoria prematura do cinema, aos 36 anos, é um mistério até hoje. Muito se falou sobre o que teria influenciado a atriz a abandonar a profissão. A idade, a 2ª Guerra Mundial, o declínio da carreira e sua vida privada foram ditas como possíveis razões para a atitude de Garbo. O fato é que após o fracasso da comédia Duas Vezes Meu (Two-Faced Woman, 1941); dirigida por George Cukor, Garbo simplesmente resolveu dar um tempo na carreira - um tempo que durou mais de 50 anos. Durante décadas acreditou-se que Duas Vezes Meu fora o responsável pelo fim da carreira da atriz, apesar de muitos já terem dito que essa afirmação é pretensiosa, porque apesar dela ter ficado profundamente abalada com o insucesso do filme, isso não seria o bastante para fazê-la desistir da carreira de atriz.

A verdade é que ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo com Garbo, dizia-se que ela voltaria a filmar depois que a guerra terminasse, e de fato ela continuava contratada da MGM. O prazo para a volta da atriz às telas foi sendo adiado cada vez mais ao mesmo tempo que as especulações cresciam. Como Garbo não anunciava definitivamente o fim da carreira, ao longo das décadas de 40 e 50 choviam notícias de uma volta às telas, algumas verdadeiras mas a maioria falsas. Ela recebia inúmeras propostas e convites de produtores para um retorno ao cinema; um dos que mais a interessou foi A Duquesa de Langeais, de 1949, baseado no romance homônimo de Honoré de Balzac, que deveria ser produzido por Walter Wanger. Garbo realmente quis interpretar esse papel e por muito pouco a grande atriz não retomou sua carreira, entretanto, na última hora, após vários empecilhos, a produção acabou se tornando impossível devido ao estouro de orçamento.

Muitas vezes, o insucesso dos projetos devia-se a indecisão de Garbo em escolher um roteiro ou a incompetência dos seus agentes, de fato sempre havia um obstáculo à sua volta ao cinema. Poucas estrelas se mantém no topo por mais de 10 anos e Garbo esteve lá por pelo menos 15, artistas que gozam da popularidade que ela possuía raramente são esquecidos, como se vê, não foi mesmo o caso de Garbo. Mas, a medida que o tempo passava, todos já sabiam que ela nunca voltaria às telas novamente. Garbo já tinha se tornado um mito maior do que ela mesma. Embora muitos achem que pelo lado profissional o melhor foi ter posto fim a carreira ainda jovem, por outro lado Garbo acabou privando o mundo de sua grande arte, e se tornando refém do próprio mito. Abandonar sua carreira foi uma perda irreparável para o cinema.




Garbo nunca se casou, sempre recusou ou declinou a todos as inúmeras propostas de casamento. Garbo nunca ganhou um Oscar, mesmo tendo sido indicada várias vezes. Recebeu somente um Oscar especial em 1954, dedicado às 'suas inesquecíveis performances', e como já era de costume não compareceu à cerimônia. Garbo viveu o resto de sua vida reclusa em seu gigantesco apartamento na East Side, rua 52, nº 450, em Nova York. Evitando qualquer tipo de contato com a imprensa e fotógrafos que ela detestava. A sueca mais famosa do cinema faleceu na manhã do dia 15 de abril de 1990, aos 84 anos.


Um dos maiores mitos do século XX, nunca saberemos ao certo quem foi Greta Garbo. A dama misteriosa, sempre envolta numa névoa de fascínio, falou muito pouco ao longo da carreira. Não gostava de dar entrevistas, sequer autógrafos. Preferia se manter distante. Garbo é a personificação da diva inalcançável. Parece que nunca envelheceu, assim como os astros que morrem jovens e conservam sua imagem no tempo, Garbo também parou no tempo. Bela, jovem e talentosa. À ela o poeta Mario Quintana dedicou dois versos.

Dois versos para Greta Garbo "O teu sorriso é imemorial como as Pirâmides E puro como a flor que abriu na manhã de hoje…"



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