História catolicismo
versus protestantismo
Um homem intensamente religioso -
autodenominado de Moisés puritano
Oliver Cromwell (Huntingdon, 25 de abril de 1599 – Palácio de Whitehall, Londres, três de setembro de 1658), foi um militar e líder político inglês e, mais tarde, Lord Protector do Protectorado. Nascido no seio da nobreza rural, os primeiros quarenta anos da sua vida são pouco
conhecidos. Após passar por uma conversão religiosa na década de 1630, Cromwell tornou-se
um puritano independente, assumindo uma posição, no geral, tolerante,
face aos protestantes do seu tempo. Um homem intensamente religioso - autodenominado
de Moisés puritano — ele acreditava profundamente que Deus era o seu guia nas suas vitórias.
A 20 de abril de 1653, dissolveu o Rump
Parliament pela força, instituindo uma assembleia, de curta duração,
conhecida como Parlamento Barebones,
antes de ser convidado pelos seus pares para liderar como 'Lorde Protetor' da
Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, a partir de 16 de Dezembro de
1653. Como governante, esteve à frente de uma política exterior muito
agressiva e eficaz. Depois da sua morte
(por malária) em 1658, foi sepultado na Abadia de Westminstermas, após a tomada do poder pelos
monarquistas, em
1660, o seu corpo foi retirado da
sepultura, pendurado por correntes e decapitado.
Cromwell é uma das
figuras mais controversas na história das ilhas britânicas, considerado
como ditador regicida por
historiadores como David Hume, tal
como citado por David Sharp, mas um herói da liberdade por outros,
como Thomas Carlyle e Samuel Rawson Gardiner. Em
2002, numa escolha feita pela BBC no Reino Unido, Cromwell foi eleito um
dos dez britânicos mais importantes de todos os tempos. Contudo, as suas medidas contra os
católicos na Escócia e Irlanda foram caracterizadas como genocídio ou quase-genocídio, e na Irlanda, o seu
histórico é profundamente criticado.
Oliver Cromwell descendia de Catherine Cromwell
(nascida por cerca de 1483), uma irmã mais velha do estadista Tudor Thomas Cromwell. Apesar de ter casado, manteve o seu nome,
possivelmente para manter a ligação com o seu tio famoso. Das suas crianças,
Richard Cromwell (1500-1544) foi o pai de Henry Cromwell (1524 - 6 de janeiro
de 1603). As tendências extravagantes de Henry deixaram os seus herdeiros,
incluindo o seu filho Robert Cromwell, Escudeiro (1560-1617) com uma herança
que incluía terra mas nenhum dinheiro. Oliver nasceu do casamento de Robert
Cromwell com Elizabeth Steward ou Stewart (1564 - 1654) a 25 de abril de 1599.
Oliver nasceu em Huntingdon, no distrito de Huntingdonshire,
condado de Cambridgeshire, em Ânglia Oriental. Ele foi um fazendeiro fidalgo, mas teve de
vender a sua quinta e terras para pagar as dívidas acumuladas.
Consta que Cromwell estava a ponto de emigrar para
junto de seu tio na Virgínia, como fizeram muitos puritanos, mas que desistiu pouco antes de fazê-lo. Decidiu
então, em 1628, concorrer por Huntingdon a uma vaga no parlamento - que seria posto em recesso pelo rei
no ano seguinte. O seu discurso inaugural foi a defesa de um democrata radical
que tinha argumentado a favor do voto universal num panfleto não autorizado.
Cromwell criou o Ato de navegação. Esta lei obrigou que todo navio que
entrasse ou saísse da Inglaterra teria de ser inglês; em consequência desse ato
a burguesia enriqueceu.
A influência de Cromwell como comandante militar e
político durante a Guerra Civil Inglesa alterou dramaticamente o panorama
político das ilhas britânicas.
Tendo aderido ao exército sem qualquer experiência
militar com a idade de 43 anos, ele recrutou uma unidade de cavalaria e ganhou
experiência e vitórias numa sucessão de batalhas na Ânglia Oriental. Promovido a General em comando da cavalaria
no exército New Model Army (Exército de Novo Tipo, assim
chamado porque não se compunha de mercenários mas de pessoas que acreditavam firmemente em
sua causa), ele treinou os seus homens para rapidamente se reagruparem após um
ataque, tática usada inicialmente com grande sucesso na batalha de Naseby.
Dessa maneira, acabou substituindo o comandante anterior do Exército, o conde de Essex, que
certa vez afirmou, durante a Guerra Civil: "Se vencermos o rei cem vezes, ele ainda será o rei; mas se ele nos
derrotar uma única vez, seremos enforcados". Para Cromwell, essa frase
tornava inútil todo o trabalho de luta pelos ideais parlamentares e puritanos.
Com o sucesso militar veio o poder político, até
que se tornou o líder político do seu tempo.
A chamada Segunda Guerra Civil Inglesa, que teve início em 1648 após a fuga de
Carlos I da prisão, sugeriu a Cromwell que não seria possível obter um
compromisso com o rei. Houve tentativas nesse sentido, inclusive com Cromwell
se opondo aos que primeiro defenderam a deposição ou execução de Carlos I.
Finalmente, o rei foi julgado, condenado à morte e decapitado, em janeiro de
1649.
Costuma-se atribuir a Cromwell a principal
responsabilidade pela condenação e morte do monarca, embora ele tenha sido
julgado pelo parlamento - ou pelo que restava deste - e houvesse 59 signatários
no mandado de execução. Note-se que neste se determinava
a execução do "rei de Inglaterra", ao contrário do que aconteceria no
julgamento de Luís XVI, rei de França, em
1793, quando o ex-monarca será sempre referido como "Luís Capeto". Conforme observou Cromwell na
ocasião, "executaremos o rei com a coroa na cabeça".
As ações de Cromwell tornaram-no muito impopular
na Escócia e na Irlanda - que, embora nominalmente independentes,
eram efetivamente dominadas por forças inglesas. Em particular, a supressão dos
monarquistas na Irlanda em 1649 ainda é recordada entre os irlandeses.
Suas medidas contra os católicos irlandeses são
consideradas por alguns historiadores como genocidas ou muito próximas disso. Na Irlanda,
Cromwell é profundamente odiado.
Em Drogheda, após a tomada da cidade, o massacre de 3500
pessoas, incluindo 2700 soldados monarquistas e todos os cidadãos que portassem
armas - incluindo civis, prisioneiros e padres católicos - é uma memória
histórica que tem alimentado o conflito entre católicos e protestantes e entre
irlandeses e ingleses nos últimos séculos. Cromwell justificou o massacre
alegando que os defensores da cidade continuaram a lutar, violando as normas de
combate, mesmo depois que as muralhas da cidade foram penetradas.
Estátua de Cromwell no Palácio
de Westminster, Londres.
Na sequência da vitória, a monarquia foi abolida e,
entre 1649 e 1653, o país tornou-se uma república (denominada
"Commonwealth of England"), mais de cem anos antes da Revolução Francesa.
Muitas das ações de Cromwell que se seguiram ao fim
da guerra civil parecem-nos hoje pouco sábias ou hipócritas. Ele foi cruel no
controle das revoltas que ocorreram dentro do próprio exército no final da
guerra (ligadas a falhanços no pagamento das tropas) e mostrou pouca simpatia
pelos Levellers, um movimento igualitário que contribuiu
fortemente para a causa do parlamento.
A sua política externa levou a um conflito com
a República dos Sete Países Baixos, em 1652 - a Primeira Guerra Anglo-Holandesa, que acabou por ser vencida pelo almirante Robert Blake, em 1654.
Uma vez que o rei estava morto, deixou de existir
uma causa comum, a unanimidade dissolveu-se e as diferentes facções do
parlamento retomaram o combate político. Numa repetição das ações do rei
deposto que haviam contribuído para a guerra civil, Cromwell dissolveu o parlamento republicano
em 1653 e tomou o controle do Estado, como Lorde Protetor perpétuo.
Em 1290, os judeus haviam
sido expulsos da Inglaterra, por Eduardo I. Cromwell autorizou o restabelecimento da
comunidade judaica, acedendo aos pedidos de Menasseh ben Israel (ou Manuel Dias Soeiro) rabino de
origem portuguesa, estabelecido em Amesterdão.
Em janeiro de 1661, dois anos após sua morte, o
corpo de Cromwell, por ordem da Câmara dos Comuns, foi desenterrado, exumado e enforcado. O
cadáver passou todo o dia do 12º aniversário da morte do rei Carlos I pendurado
em uma forca em praça pública. Em seguida, sua cabeça foi decapitada e exposta
espetada num piquê, enquanto seu corpo decapitado era enterrado sob a forca,
em Tyburn (hoje Marble Arch), em
Londres.
A cabeça do ex-Lorde Protetor passou o dia em
exposição até ser retirada e levada para casa por um soldado da guarda, que
desapareceu com ela. A cabeça embalsamada passou de mãos em mãos por séculos,
sendo inclusive vendida em 1814 como objeto, até ser finalmente enterrada nos
jardins do Sidney Sussex College,
em Cambridge, em 1960 o que poderia ser mentira, foi
somente uma máscara.
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