Cidade: brasileira
(Bahia)
A
cidade possui a única mina de urânio explorada da América Latina. É também
conhecida como “mata da pedra grande”. Em 05 de abril passado (2016) Caetité
comemorou 206 anos como município emancipado, continuando a adotar como égide:
“só o amor edifica”.
Caetité é um município do estado da Bahia,
no Brasil.
Distante 645 quilômetros da capital do estado, Salvador e, segundo a estimativa de população 2015
tem, aproximadamente, 52.531 habitantes. Com mais de dois séculos de emancipação, a cidade foi polo cultural
da região sertaneja da Bahia: foi
a terra natal de figuras como Cezar Zama, Aristides Spínola, Anísio Teixeira, Nestor Duarte Guimarães, Waldick Soriano, Prisco Viana,
dentre outros. Foi,
ainda, pioneira na educação regional, com a primeira escola normal do
sertão baiano.
Seu nome deriva da língua tupi:
significa " mata da pedra grande", através da junção dos termos ka'a (mata), itá (pedra)
e eté (verdadeiro). É uma referência à formação rochosa a
leste da cidade conhecida por "Pedra Redonda".
Território originalmente habitado por indígenas da linhagem jê (tupinaens e pataxós), já no século XVII constituía-se em
núcleo de catequese. Do final do século, data a fazenda São
Timóteo, entreposto do ouro que
descia das chapadas para o porto de Parati (veja,
neste sentido, Estrada Real), no Rio de Janeiro.
Núcleos de povoamento encontram registros em sítios
arqueológicos de mais de 6 mil anos, que motivaram a criação do Museu do Alto Sertão da Bahia (MASB), em fase de implantação em
Caetité.
Em 1724, passou a pertencer à Vila de Minas do Rio
de Contas, emancipada de Jacobina; em 1754, foi o arraial elevado a freguesia.
No final do século XVIII e começo do XIX, a
população se mobilizou, comprando, à Coroa Portuguesa, o direito de
tornar-se vila,
emancipando-se finalmente de Rio de Contas
em 5 de abril de 1810, data
maior da cidade.
Foi elevada a cidade em 1867. De seu território,
originaram-se 47 municípios. Tão logo emancipou-se, a vila participou
indiretamente das lutas pela Independência da Bahia, apoiando o Governo Provisório instalado na
Vila de Cachoeira. Encerradas as lutas contra as tropas portuguesas no Recôncavo Baiano, em Caetité teve lugar o episódio do
Mata-maroto, lutas entre brasileiros e portugueses, que se seguiram a 1823.
Foi, em 1817, visitada pela expedição de Spix e Martius, guardando boa impressão nos naturalistas, que consignaram
a presença de uma escola régia de latim.
Morada do Major Silva Castro, herói das guerras de independência, teve
uma filha, Pórcia, raptada por Leolino Pinheiro de Azevedo, num drama que
inspirou, no século seguinte, o romance Sinhazinha do acadêmico Afrânio Peixoto. Avô do poeta Castro Alves, a presença de Silva Castro foi um dos motivos
pelos quais a cidade ainda hoje comemora
o 2 de julho, data máxima do estado da Bahia.
No final do século, foi visitada por Teodoro Sampaio, deixando o grande engenheiro a seguinte
máxima: "Caetité assemelha-se ao viajante qual uma Corte do sertão".
Cresceu em importância no cenário nacional, com os
tribunos Aristides Spínola (ex-governador de Goiás e
mais jovem parlamentar no Império) e Cezar Zama, grande polemista e maior adversário, na tribuna,
de Rui Barbosa - ambos abolicionistas e republicanos.
Em 1894, fez
o primeiro governador eleito do estado, Rodrigues Lima, genro do Barão de Caetité, assistindo pela primeira vez a ação efetiva
do poder público estadual, com a modernização da instalações públicas (dentre
outras ações, a construção de açudes, Cemitério Municipal, Mercado e a Primeira Escola Normaldo alto sertão).
No começo do século, assistiu à instalação da Missão Presbiteriana Brasil-Central, com a morada na cidade do pastor Henry John McCall, e fundação da Escola Americana. Isso veio a
incrementar a sua condição de polo educacional sertanejo, ampliado ainda mais
com a instalação do colégio jesuíta São Luiz Gonzaga.
A política local, nesta época, era bipartite entre
os Rodrigues Lima, na pessoa do coronel Cazuzinha, e o coronel Deocleciano Pires Teixeira (pai de Anísio Teixeira). Apesar das grandes dificuldades, foi a
primeira cidade do interior baiano a ter uma rede de energia elétrica - verdadeira
epopeia vivida pelo alemão Otto Koehne. Também a rede de água, a construção do
Teatro Centenário e outras, são fruto da índole pioneira de seu povo,
progressos até então ausentes em praticamente todas as cidades do país -
ressaltando-se figuras como Durval Públio de Castro, na efetivação dessas
melhorias.
Arquivo público municipal
No cenário
político-cultural, a cidade é berço de figuras como Nestor Duarte, a
pintora Lucília Fraga, os
escritores Marcelino Neves, João Gumes,
Nicodema Alves e, mais recentemente, Vandilson Junqueira, Erivaldo Fagundes Neves e outros. João
Gumes foi, pessoalmente, o responsável por instalar em Caetité o primeiro
jornal do alto sertão: o periódico "A Pena", que hoje constitui-se no principal acervo
do Arquivo Público Municipal de Caetité.
Teve sua diocese instalada em 1915,
sendo empossado o primeiro bispo - dom Manoel Raimundo de Melo - e foi este mais um fator de
desenvolvimento da cidade: a construção do primeiro aeroporto do sertão baiano,
escala dos voos da então Cia Aérea Sadia, o Círculo Operário, o Seminário São José e a
Rádio Educadora Santana - foram alguns dos benefícios derivados da elevação da
paróquia em diocese.
Na educação, despontou o nome de Anísio Teixeira, lutando por reerguer a Escola Normal,
depois transformada no Instituto que leva seu nome. Ali estudaram figuras
como Newton Cardoso, Georgino Jorge dos Santos, Tânia Martins e muitos outros.
A ditadura militar de 1964 foi um duro golpe para a cidade:
secularmente defensora da liberdade, sua gente pareceu ao regime como potencial
risco; os assassinatos obscuros de Anísio Teixeira e do poeta Camillo de Jesus Lima fizeram com que o tradicional polo de
educação e cultura assistisse ao declínio, nas décadas que se seguiram a 1970.
Apesar disso, foi ali que teve início o trabalho de documentação das
atrocidades do regime, capitaneado pelo pastor Jaime Wright.
Conhecida por sua
educação e foco civilizador,
Caetité foi berço de grandes personalidades da história estadual e nacional, como Cezar Zama (parlamentar,
historiador), Plínio de Lima (poeta,
colega e amigo de Castro Alves), Aristides Spínola (advogado, governador de Goiás 1879-80), Joaquim Manoel Rodrigues Lima (primeiro Governador eleito da Bahia) e
seu irmão, Antônio Rodrigues Lima, Anísio Teixeira (pedagogo), Joaquim Spínola (fundador da Revista dos
Tribunais), Nestor Duarte (jurista, escritor), Paulo Souto (Governador da Bahia 1994-98; 2002-06), Prisco Viana (político, ex-ministro da Previdência
Social), Haroldo Lima (político,Cidadão
Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira),
Aldovandro Chaves (advogado, cônsul honorário e poeta), a pintora Lucília Fraga e seus parentes Afonso e
o jurista Constantino Fraga, o
músico símbolo do estilo brega Waldick Soriano, José Neves Teixeira, Luiz Neves Cotrim, professor, poeta e cronista social, o ator Buiu
(Edvan Rodrigues de Souza) do programa humorístico A Praça é Nossa, dentre outros.
Além da sede, possui quatro distritos com as seguintes distâncias desta:
Brejinho das Ametistas, a 24 km; Caldeiras, a 60 km; Maniaçu, a
28 km; Pajeú, a 26 km. Além disso, alguns povoados de maior
importância se destacam, como Anguá, Campinas, Juazeiro, Santa Luzia e
Umbuzeiro.
Com altitude de 825 metros,
possui clima ameno, apesar de situada no semiárido. Os
períodos de maior insolação são nos meses de abril e agosto (200 horas) e sua
temperatura média anual é de 21,4 °C (média máxima de 26,8 °C e
mínima de 16,4 °C).
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 a menor temperatura registrada em Caetité foi de 6,1 °C em
21 de julho de 1966, e a maior atingiu 37,6 °C em 05 de Outubro de
2015.[24] O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 111,5 milímetros
(mm) em 18 de dezembro de 2007. Outros grandes acumulados foram 105,5 mm
em 9 de março de 1988, 101,2 mm em 3 de janeiro de 2004 e 101 mm em
11 de outubro de 1995.[25] O índice mais baixo de umidade relativa do ar atingiu 12%, nas tardes dos dias em 27 de
outubro de 1979 e 6 de outubro de 2008.
Rodovias federais e Ferrovias em Caetité: Fonte: Ministério dos
Transportes.
Caetité será nos próximos anos um grande entrocamento rodoferroviário,
facilitando vários investimentos, vejamos:
BR 030(Brasília-Distrito Federal/Maraú-Bahia): Ligação entre
Guanambi-Bahia e Brumado-BA, construída até Carinhanha-BA e com projeto
aprovado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes para ser
construída até Cocos-Bahia.
BR 122 (Montes Claros-Minas Gerais/Fortaleza-Ceará): Liga a cidade a
Paramirim-BA e ao Sudeste do Brasil, ainda não construída integralmente mas com
projeto de viabilidade técnica ambiental aprovado em 2012 pelo Governo Federal
para construção até Juazeiro-Bahia, tornando-se um grande eixo rodoviário entre
o Nordeste e o Sudeste. Projeto executivo de construção previsto para ser lançado em dezembro
de 2012 pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes.
BR 430(Caetité-Bahia/Bom Jesus da Lapa-Bahia): Ligação entre o Centro
Oeste e Litoral Sul da Bahia. Rodovia hoje administrada pelo Departamento de
Infraestrutura de Transportes da Bahia mas que deverá ser absorvida pelo governo federal através do Ministério dos Transportes para poder receber
projetos de adaptação ao tráfego pesado atual a serem realizados pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
Ferrovia Oeste Leste: com projeto de construção aprovado e recursos
liberados pelo governo federal, será responsável pelo escoamento da safra do
oeste baiano e da produção mineral da região da Serra Geral da Bahia.
Aguardando a licença ambiental.
Em 3 de março
de 2007, o então prefeito Ricardo Ladeia, assinou acordo para exploração da
jazida ferrífera de Caetité
Na pecuária, destaca-se com
um rebanho bovino com mais de 32 000 cabeças. Na mineração, conta com ricas
jazidas de urânio, ametista, manganês e ferro (esta descoberta no começo do século XXI). Na indústria, possui
importantes manufaturas têxteis e é polo regional na cerâmica.
A jazida ferrífera virá a ser explorada pela companhia mineradora indiana instalada em joint
venture com o nome de Bahia
Mineração Ltda. O depósito conta com de 4 a 6 bilhões de toneladas, e uma
produção anual estimada em cerca de 12 000 000 de toneladas anuais - a terceira
maior do Brasil.
A 3 de março de 2007, o governador Jacques Wagner, o representante
da mineradora Pramod Agarwal e o Prefeito Municipal participaram, na cidade, da
cerimônia que celebrou a parceria das entidades públicas e da mineradora, esta
última com investimentos estimados em cerca de 1,5 bilhão de dólares estadunidenses. Em 2008, foi anunciada a venda de 50% da Bahia Mineração Ltda. para
uma empresa cazaque, a Eurasian
Natural Resources, por trezentos milhões de dólares estadunidenses. O
empreendimento prevê, ainda, o escoamento da produção até o Porto de Ilhéus.
Em Caetité, a única mina de urânio explorada da América Latina
Em Caetité, está localizada a única mina de urânio em produção no Brasil, uma unidade de mineração e beneficiamento de
urânio que é explorada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil S.A., empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.[36] Considerada como uma província
uranífera, com reservas de 100.000 toneladas do minério (suficiente para
abastecer todas as centrais nucleares do país - existentes e programadas - por
toda sua vida útil), a mina de Caetité tem capacidade para a produção de 400
toneladas de concentrado de urânio/ano. No
primeiro semestre de 2011, a energia nuclear foi a segunda fonte de geração de
eletricidade no país.
Mina de urânio
Constitui-se numa das 200 maiores minas do Brasil; localiza-se no lugar
de nome "Cachoeira", distante mais de 40 km de Caetité, num total de
1700 hectares.
Implantada em 1997, a unidade de mineração de urânio funciona com
autorização permanente de operação concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e com licença de operação emitida pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. As duas
entidades fiscalizam as atividades de todo o setor nuclear.
Estádio de futebol de
Caetité
Desde o ano 2000 a mina caetiteense já produziu 3.370 toneladas do
minério a céu aberto, obtendo em 2013 autorização da CNEN para efetuar a
exploração subterrânea; localizada entre os municípios de Caetité e Lagoa Real,
a mina possui 33 pontos de ocorrência do minério.
Em janeiro 2010 uma equipe de especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica efetuou a primeira visita desta unidade internacional de monitoramento a
uma mina, numa iniciativa que partiu da própria INB e que deverá servir de
parâmetro para outras unidades produtoras no mundo (esta foi uma ação pioneira
da Missão Uranium Production Site Appraisal Team - Upsat). Depois de analisar documentos e
conhecer in loco o funcionamento da INB Caetité,
divulgou a seguinte conclusão: "As atividades da mina de urânio das
Indústrias Nucleares do Brasil, em Caetité (BA) atendem todos os requisitos de
segurança e não provocam nenhum impacto significativo ao meio ambiente da
região. A unidade de produção é bem projetada, bem mantida, segura e
eficiente"
A Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vinculada à Fundação Oswaldo Cruz, realizou, sob encomenda da Indústrias Nucleares do Brasil e por recomendação
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, um
estudo epidemiológico sobre a incidência de câncer na região de Caetité/Lagoa
Real, no período compreendido entre os anos 1995 (antes da implantação do
empreendimento) e 2005. A primeira fase a pesquisa constatou: "Os
resultados desta fase permitem afirmar que não foi observada até o momento
alteração significativa na mortalidade por câncer na população dos municípios
de Caetité e Lagoa Real, nem maior probabilidade de se contrair câncer nesses
municípios em relação ao Estado da Bahia, às regiões e aos municípios de
referência".
Na unidade Indústrias Nucleares do Brasil - Caetité trabalham cerca de
600 pessoas, 80% das quais são naturais da região. A atividade de mineração e
beneficiamento de urânio representa, para os cofres da Prefeitura de Caetité,
uma média de 1 034 000 reais por mês referente a impostos, salários, serviços
sociais e aquisição de bens e serviços.
Embora a mina que explora o urânio na cidade fique a 40 quilômetros da
sede, matérias da imprensa dão conta de que as Indústrias Nucleares do Brasil contaminaram o lençol freático do município. A
empresa diz que realiza testes e que não houve alteração no teor do mineral na
água, mas o município não dispões de meios para se defender ou informar a
população. A situação tornou-se especialmente crítica com a estiagem de 2010.
Em operação há 10
anos na cidade, a Indústrias Nucleares do Brasil já foi acusada por outros
vazamentos e por ser a responsável pela contaminação da água. Em 2009 o Greenpeace denunciava que a
empresa omitia os vazamentos que provocava, e que a falta de transparência
envolve também o órgão responsável pela sua fiscalização - o Comissão
Nacional de Energia Nuclear.
Segundo pesquisa anemométrica realizada em todo o estado da Bahia, Caetité apresenta o maior potencial
eólico, em intensidade e frequência dos ventos, além da pouca amplitude de
direções destes, em todo o estado - o que torna a cidade o local onde tal
projeto tenha a maior viabilidade.
A região é considerada a de melhor
potencial eólico do mundo.
Em 2010, novamente foi prometida a instalação do parque, desta feita com
sede na cidade e envolvendo outros doze municípios, sendo desta vez o
financiamento aprovado pelo governo federal e o projeto realizado pela empresa
renova energia, com sede em Caetité. Várias outras empresas também se
instalaram na cidade buscando pesquisar o potencial eólico para futuros
projetos.
O município apresenta características de cerrado e caatinga, estando aqueles
presentes nas partes altas. Em meio ao cerrado - denominado localmente de
"gerais" - surgem ilhas de mata com características de floresta
tropical, chamadas de "capões".
Os principais problemas ecológicos apresentados são o desmatamento
indiscriminado, para a produção de carvão (destinado ao consumo das grandes
siderúrgicas de Minas Gerais), bem como para atender ao polo ceramista local.
Em Caetité, foram identificadas diversas espécies vegetais, algumas
delas únicas (caso da palmeira "coco de vassoura"), estudadas boa
parte delas pelo New York Botanical Garden, na década de 1980.
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