Arte musical: um
compositor russo
Viveu
atormentado. Sobre a sua sexualidade escrevia em diário, pessoal: “O que posso fazer para ser
normal?”
Piotr Ilitch Tchaikovsky (em russo Пётр Ильи́ч Чайко́вский, por vezes, traduzido Pyotr
Ilyich Tchaikowsky); (Kamsko-Wotkinski Sawod, atual Tchaikovsky, 7 de maio de 1840 — São
Petersburgo, 6 de novembro de 1893) foi um compositor romântico russo que compôs géneros como sinfonias, concertos, óperas, ballets, para música de
câmara e obras para coro para liturgias da Igreja Ortodoxa Russa. Algumas das
suas obras encontram-se entre as mais populares do repertório erudito. Este foi
o primeiro compositor russo a conquistar fama internacional, tendo sido maestro
convidado no final da sua carreira pelos Estados Unidos e Europa. Como exemplo
pode considerar-se o concerto inaugural do Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1891. Tchaikovsky foi honrado em 1884 com uma pensão
vitalícia pelo Imperador Alexandre III.
Tchaikovsky - criança
Tchaikovsky foi educado para ter uma carreira como funcionário público.
Na sua época as oportunidades para se ter uma carreira musical (na Rússia) eram
escassas e não existia um sistema público de educação musical. Quando surgiu a
oportunidade, ingressou no Conservatório de São Petersburgo, onde se graduou em
1865.
Adolescência
A sua vida foi preenchida por crises pessoais e depressões. Estas crises
advém do facto de a sua mãe ter falecido prematuramente e do colapso da sua
relação com a viúva Nadezhda von Meck. A sua homossexualidade foi sempre
mantida em segredo. A sua morte prematura aos 53 anos de idade é atribuída à cólera, mas especula-se
um possível suicídio.
Embora não faça parte do chamado Grupo dos Cinco (Mussorgsky, César Cui, Rimsky-Korsakov, Balakirev e Borodin) composto por
compositores nacionalistas russos, a sua música tornou-se conhecida e admirada
pelo seu carácter distintamente russo, bem como pelas suas ricas harmonias e
vivas melodias. As suas obras, no entanto, foram muito mais ocidentalizadas que
as de seus compatriotas, uma vez que utilizava elementos internacionais em
simultâneo com melodias populares nacionalistas russas.
Sexualidade
Tchaikovsky possuiu claras tendências homossexuais. Alguns dos
relacionamentos mais íntimos do compositor foram com homens. Procurou a
companhia de outros atraídos pelo mesmo sexo em seu círculo por longos
períodos, associando-se abertamente e estabelecendo conexões profissionais com
eles.
Ilyich
Tchaikovsky, irmão do compositor – também homossexual
Tchaikovsky sabia das consequências negativas que o conhecimento público
de sua orientação podia trazer, especialmente em sua família. Seu pai ainda
esperava que o compositor se casasse (e talvez não soubesse da orientação do
filho). Tchaikovsky sempre pareceu incomodado com a própria orientação. Às
vezes escrevia com pesar em seu diário: “O que posso fazer para ser normal?”.
Era um comportamento que se contrapunha ao do próprio irmão, Modest, que também
era gay e viveu de maneira relativamente equilibrada, tendo inclusive um
relacionamento de 17 anos com Nikolai Konradi (ou 'Kolia'), um menino surdo e mudo
a quem tutelava. Graças à presença deste irmão também homossexual, Tchaikovsky
conseguia ao menos ter um confidente.
Mesmo levando-se em conta sua situação, Tchaikovsky não negligenciou as
convenções sociais e permaneceu conservador por natureza. Sua vida amorosa
continuou complicada. Uma combinação de educação, timidez e profundo
compromisso com os parentes o impediu de viver abertamente com um namorado ou
companheiro do sexo masculino. Regularmente procurou encontros anônimos, muitos
dos quais relatou a Modest, às vezes, demonstrando remorso. Também tentou ser
discreto e ajustar seus gostos às convenções da sociedade russa. No entanto,
muitos de seus colegas, especialmente aqueles mais próximos a ele, podem ter
conhecido ou adivinhado a sua verdadeira natureza sexual. A decisão de
Tchaikovsky em entrar em uma união heterossexual e tentar levar uma vida dupla
foi motivada por vários fatores, a possibilidade de exposição, a disposição
para agradar seu pai, seu próprio desejo de um lar permanente e seu amor pelas
crianças e familiares.
A família de Tchaikovsky
Foi durante uma crise de meia-idade, aos 36 anos,
que o compositor revelou por carta a Modest, seu irmão e confidente, uma
decisão contrária ao seu próprio desejo:
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Agora estou passando
por um período muito crítico em minha vida. Eu vou entrar em mais detalhes mais tarde, mas por agora vou
simplesmente dizer-lhe: eu decidi me casar. É inevitável. Eu tenho que fazer
isso não apenas para mim, mas por você, Modest, e por todos aqueles que amo.
(...) Como é terrível pensar que aqueles que me amam possam, por vezes,
sentir vergonha de mim. Em suma, eu procuro casamento ou algum tipo de
envolvimento público com uma mulher, para calar a boca de várias criaturas
desprezíveis cujas opiniões não significam nada para mim, mas que estão em
posição de causar sofrimento aos que estão perto de mim.
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Foto de Antonina e Tchaikovsky
durante a sua lua de mel, em 1877.
A união de fachada aconteceu na Igreja de São
Jorge, em Moscovo, no mês de julho de 1877. Tchaikovsky casou-se com Antonina
Milyukova, uma mulher de 28 anos, sua ex-aluna no Conservatório de Música de
Moscou. Na verdade, ela o havia conhecido muito antes, quando tinha apenas 16
anos, na casa de amigos. Foi lá que se apaixonou platonicamente por ele,
decidindo largar tudo pra estudar música ao seu lado. Anos depois de abandonar
a escola por dificuldades financeiras, ela escreveu para o compositor, declarando
seu envolvimento. Foi nesta ocasião que Tchaikovsky pensou numa possível
companheira por conveniência.
Questões de dinheiro e uma incapacidade para compor
agravaram a situação e levou Tchaikovsky a níveis profundos de desespero. O
casal viveu junto por apenas dois meses antes da crise emocional que o obrigou
a deixar a cidade. Pyotr viajou para Clarens, na Suíça para descanso e
recuperação. Ele e Antonina permaneceram casados legalmente, mas nunca viveram
juntos novamente e nem tiveram filhos, embora Antonina mais tarde tivesse dado
à luz a três filhos por outro homem.
"Somente agora, após meu casamento, começo a
entender que nada é mais inútil do que não querer assumir como somos",
escreveu.
Crescimento da
fama
Apesar de seu desprezo por sua vida pública, Tchaikovsky agora a
aceitava tanto como consequência de sua crescente fama, quanto pela obrigação
pessoal que sentia em promover a música russa. O compositor também atuou como
diretor da filial de Moscovo da Sociedade de Música Russa entre 1889 e 1900.
Neste posto, o compositor convidou muitas celebridades internacionais para
conduzir a orquestra, inclusive Johannes Brahms, Antonín Dvořák e Jules
Massenet, embora nem todas tivessem aceitado.
Tchaikovsky também promoveu a música russa como condutor, procurando
estabelecer-se no mundo musical por pelo menos mais uma década. Pyotr estava em
demanda considerável por toda a Europa e Rússia, o que o ajudou a superar o
medo do palco e aumentou sua autoconfiança. Sua condução o trouxe para a
América em 1891, onde liderou a Sociedade de música de Nova Iorque em março, no
concerto inaugural do Carnegie Hall.
Em 28 de outubro de 1893 Tchaikovsky realizou a estreia de sua Sexta
Sinfonia, a Patética em São Petersburgo. Nove dias depois, o compositor morreu
aos 53 anos. Foi enterrado no Cemitério
Tikhvin no Mosteiro
Alexander Nevsky, perto dos túmulos dos companheiros compositores Alexander Borodin, Mikhail Glinka e Modest Mussorgsky, mais tarde Rimsky-Korsakov, Balakirev também foram enterrados nas proximidades.
Falecimento –
provável causa
Até hoje, a cada biografia sobre a vida do compositor, surge uma nova
teoria ou detalhe sobre a causa de seu falecimento. Embora a morte de
Tchaikovsky, tradicionalmente, tenha sido atribuída à cólera, provavelmente
contraída através da água potável contaminada, se apresentam teorias
diferentes. Já foram descritos casos de supostos assassinatos ou suicídios.
A
última casa onde Tchaikovsky morou, em Klin.
Nesta última linha, uma surpreendente hipótese foi revelada pela
musicóloga soviética Alexandra Orlova em 1978. Segundo sua apuração, um membro
da aristocracia russa havia escrito uma carta direcionada ao czar Alexandre III
acusando Tchaikovsky de seduzir e manter um relacionamento sexual com seu
sobrinho de 17 anos. A carta, porém, não foi entregue diretamente ao czar, mas
aos cuidados de um funcionário, Nikolay Jacobi, que coincidentemente estudou
com Tchaikovsky na Escola de Direito de São Petersburgo.
Quebra Nozes –
Tchaikovsky
Escandalizado com o conteúdo da correspondência e temendo que a história
manchasse a reputação da Escola, Jacobi não entregou a carta. Preferiu
instituir uma corte de honra incluindo outros seis companheiros da Instituição
para discutir o assunto e tomar uma decisão. Foi assim que convocaram
Tchaikovsky para uma reunião que durou cerca de cinco horas. Nela, induziram o
compositor a dar fim à própria vida antes que o pior acontecesse. Caso a
denúncia se tornasse pública, Tchaikovsky poderia ser exilado, perderia seus
direitos civis e teria sua imagem manchada para o resto da vida, prejudicando
familiares, ex-alunos, amigos e companheiros. Ao sair da reunião cambaleante e
pálido, o compositor teria decidido ingerir arsênico, morrendo no dia 6 de
novembro de 1893. Por ser considerada uma versão aparentemente sensacionalista,
muitos historiadores questionam essa hipótese, mesmo que ela tenha sido
confirmada por alguns conhecidos de Tchaikovsky.
Origem:
Wikipédia
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