Mundo: Arte
“... é uma
proparoxítona, interessa-se por haicais, músicas pouco conhecidas e jogo de
palavras. Queria voar de balão, mas tem medo de altura.”
O pintor Yves Klein flertou com
as mais diversas manifestações artísticas. Da pintura à literatura, da
fotografia à música, ele experimentou tudo. E isso talvez seja a principal
característica de sua obra. Propondo novas formas de fazer arte, ele anunciou a
pós-modernidade com alguns anos de antecedência.
“Saut dans le vide” é o nome de
uma das obras mais conhecidas da carreira (breve, mas produtiva) de Yves Klein.
O salto no vazio que o artista se propõe resume um pouco a forma de pensar
desse que foi um dos precursores da arte conceitual e das performances
artísticas.
Yves viveu entre os anos de
1928 e 1962. Não teve uma formação acadêmica no campo das artes, mas conviveu
com esse ambiente desde sempre, pois era filho de pintores. Em 1946, iniciou
suas primeiras experiências como artista.
Sua forma de fazer arte se resume
em três palavras: cor, corpo e imaterial. Talvez as obras que o tenham deixado
mais conhecido no mundo sejam seus monocromos, mas, como ele mesmo gostava de
dizer: “Minhas pinturas são as cinzas da minha arte.” Seu trabalho com cores
teve basicamente três fases: Dourado, Azul e Rosa. Desses trabalhos, os que
possuem maior destaque são, sem dúvidas, os coloridos com a famosa cor
patenteada pelo pintor com o nome megalomaníaco de “Azul Klein” ou “Azul Klein
Internacional”.
Mas, mesmo quando tentava, se é
que tentava, ser mais tradicional, seu trabalho fugia das regras e da
obviedade. Paralelamente às pinturas convencionais, Klein, em um dos seus
momentos mais emblemáticos, usou três modelos como pincéis. As três mulheres
nuas se besuntavam com a tinta - Azul Klein, é claro - e se esfregavam na tela
para formar imagens, tudo isso acompanhado de uma pequena orquestra que
executava a “Sinfonia Monótona”: uma sinfonia de uma única nota criada por ele
mesmo em 1949.
Em contrapartida ao uso das
cores, o artista criou obras efêmeras e imateriais. Por exemplo, o lançamento
de 1001 balões Azul Klein no céu de Paris, uma exposição que consistia em uma
galeria de arte vazia e a venda do que ele chamava de “Zonas Imateriais de
Sensibilidade Pictórica”, que nada mais eram do que espaços vazios.
Ao longo de sua carreira, Klein
explorou questões em torno do imaterial. O ponto central das suas idéias pode
ser representado pela fotomontagem de 1960. O “Vazio” que o artista buscou
representar propunha que a arte fosse livre de influências, que as pessoas se
concentrassem na realidade de suas sensações e não na representação. O artista
removia essas representações dos seus trabalhos através de pinturas sem
imagens, sinfonias sem notas, etc..
Mas, mais do que
questionamentos filosóficos acerca da arte e da vida, Klein anunciava um novo
tipo de fazer artístico que estava de acordo com as mudanças do seu tempo.
Instalações artísticas, performances e a mescla de diversas artes representavam
melhor o inicio da pós-modernidade e do seu vazio.
Yves Klein provavelmente não
sabia, mas estava anunciando o futuro e ao mesmo tempo propondo um desafio que
continuamos tentando superar: o vazio em cada um.
© obvious: http://obviousmag.org/archives/2011/06/yves_klein_-_o_vazio_em_cada_um.html#ixzz46BOPNHCv
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