Literatura: artigo
Publicado por Ana Paula Peixer
É
Professora, Neuropsicopedagoga e Coach - Membro da Sociedade Brasileira de
Coaching.
A questão da ética e da corrupção
está muito mais entranhada, é muito mais complexa do que simplesmente olharmos
para a TV e elegermos um “bode expiatório” para aliviar a nossa consciência.
Crise?
Não estamos em crise, estamos sendo testados
e confrontados. Testados na nossa “real" competência e confrontados em
nossas arrogâncias, achamos que sabemos, achamos que somos bons profissionais,
mas será que somos produtivos de verdade?
Fato é que sabemos bem. Nós que estamos no
mercado de trabalho há muitos anos, eu, particularmente há 23, percebemos as
dificuldades gritantes do dia a dia na gestão de pessoas e empresas.
Palestrei em muitas empresas algumas
pequenas, outras médias outras mega empresas, multinacionais, e vi o quanto o
fator humano é um problema grave no Brasil. E neste texto vou discorrer sobre
os pontos centrais que precisariam de mais atenção pra que houvesse uma
evolução real e sustentável na economia e no cenário mercadológico nacional.
1. Educação
Nossa educação é rudimentar e completamente
ultrapassada. A pedagogia é uma metodologia castradora, disciplinadora e produz
“conhecimento em série”. Não há formação de pedagogos com as novas visões de
mundo, pessoas que sejam estimuladas a introduzir no dia a dia da educação as
novas descobertas da neurociência, da medicina, da física quântica, etc.
Além disso, a educação não respeita as
singularidades do ser humano e distribui o conhecimento de forma linear como se
todos fossem absorver da mesma forma. O pensar é uma atividade deixada do lado
de fora da escola. Lá o espaço é para apenas “engolir" tudo pronto, sem
questionamentos. Pesquisas mostram que mais de 60% dos alunos com ensino
superior são analfabetos funcionais, ou seja, grande parte da população ou não
lê com frequência, ou, no caso dos formados, não entende o que lê.
Como produziremos avanço e conhecimento com
tamanho desestímulo?
2. Os valores familiares e sociais
Recentemente vi uma entrevista com Elke
Maravilha, perguntaram a ela sobre o que ela pensa dos políticos do Brasil, ela
respondeu que a culpa é da falta de educação em casa, alegou que a corrupção
vem de casa. Clóvis de Barros Filho escreveu sobre isso em seu livro “Somos
todos Canalhas”, questionando a ética na sociedade em geral. Pois bem, quantos
de nós já não fraudamos impostos, receitas médicas, pegamos atestado pra não
perder o emprego, mentimos, trapaceamos, traímos pessoas “amadas”. Ensinamos as
crianças a não mentir e quando o cobrador liga pedimos que ela atenda e diga
que não “estamos em casa”.
A questão da ética e da corrupção está muito
mais entranhada, é muito mais complexa do que simplesmente olharmos para a TV e
elegermos um “bode expiatório” para aliviar a nossa consciência. Família é
lugar de cidadania, é o primeiro espaço político que se vive, ali muita coisa
acontece e estas sementes gerarão frutos. Escola deve entregar conhecimento e
estimular a criatividade. Família é lugar de ética, valores e educação. Nossas
crianças precisam de um olhar cuidadoso e diálogo, não só de vídeo game e
computador.
3. Investimento em pessoas
Todos os empresários questionam a falta de
investimento em saúde e educação por parte dos políticos. Nós, como cidadãos,
sofremos um descaso muito grande. Pagamos altos impostos e não recebemos os
benefícios.
A corrupção é um câncer que nos “come pelas
pernas”. Atrapalha em todas as esferas da sociedade e compromete uma nação
inteira. Agora vejamos - falar em investir em educação, cultura, saúde, etc; é
falar de investir em pessoas, mas será que não percebemos que muitos de nós,
gestores e administradores também não investimos em capacitação, treinamento e
qualidade de vida para as nossas equipes de trabalho? Os cortes, em caso de
crise, acontecem sempre na publicidade, em pessoas e em capacitação e
treinamento.
Ou seja, contratamos errado, treinamos
errado, isso quando treinamos, mas queremos um bom resultado? Albert Einstein
já dizia que não há nada mais insano do que fazer tudo do mesmo jeito e esperar
resultados diferentes.
4. A ideia de crise
Ela é real em termos, porque na verdade o que
fica em destaque numa “crise" é a nossa capacidade de superar, criar novas
saídas, fazer melhor e de novas maneiras aquilo que nos “acomodamos" em
fazer.
O mundo mudou, as gerações mudaram, a
tecnologia avançou e as informações estão na rede na velocidade do agora.
Então, a questão é que, se não nos prepararmos para estes desafios e não
aprendermos a jogar com as peças certas, do jeito certo, o jogo se vira contra
nós.
Se você só tem um martelo, vai tratar tudo
como prego. Ferramentas e conhecimento são fundamentais para os momentos de
crise. Eles nos testam, nos põe à prova e nos conduzem a crescer, amadurecer.
©
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