quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CRISE?

 Literatura: artigo





Publicado por Ana Paula Peixer
                                       É Professora, Neuropsicopedagoga e Coach - Membro da Sociedade Brasileira de Coaching.



A questão da ética e da corrupção está muito mais entranhada, é muito mais complexa do que simplesmente olharmos para a TV e elegermos um “bode expiatório” para aliviar a nossa consciência.




Crise?
Não estamos em crise, estamos sendo testados e confrontados. Testados na nossa “real" competência e confrontados em nossas arrogâncias, achamos que sabemos, achamos que somos bons profissionais, mas será que somos produtivos de verdade?
Fato é que sabemos bem. Nós que estamos no mercado de trabalho há muitos anos, eu, particularmente há 23, percebemos as dificuldades gritantes do dia a dia na gestão de pessoas e empresas.
Palestrei em muitas empresas algumas pequenas, outras médias outras mega empresas, multinacionais, e vi o quanto o fator humano é um problema grave no Brasil. E neste texto vou discorrer sobre os pontos centrais que precisariam de mais atenção pra que houvesse uma evolução real e sustentável na economia e no cenário mercadológico nacional.
1. Educação
Nossa educação é rudimentar e completamente ultrapassada. A pedagogia é uma metodologia castradora, disciplinadora e produz “conhecimento em série”. Não há formação de pedagogos com as novas visões de mundo, pessoas que sejam estimuladas a introduzir no dia a dia da educação as novas descobertas da neurociência, da medicina, da física quântica, etc.
Além disso, a educação não respeita as singularidades do ser humano e distribui o conhecimento de forma linear como se todos fossem absorver da mesma forma. O pensar é uma atividade deixada do lado de fora da escola. Lá o espaço é para apenas “engolir" tudo pronto, sem questionamentos. Pesquisas mostram que mais de 60% dos alunos com ensino superior são analfabetos funcionais, ou seja, grande parte da população ou não lê com frequência, ou, no caso dos formados, não entende o que lê.
Como produziremos avanço e conhecimento com tamanho desestímulo?
2. Os valores familiares e sociais
Recentemente vi uma entrevista com Elke Maravilha, perguntaram a ela sobre o que ela pensa dos políticos do Brasil, ela respondeu que a culpa é da falta de educação em casa, alegou que a corrupção vem de casa. Clóvis de Barros Filho escreveu sobre isso em seu livro “Somos todos Canalhas”, questionando a ética na sociedade em geral. Pois bem, quantos de nós já não fraudamos impostos, receitas médicas, pegamos atestado pra não perder o emprego, mentimos, trapaceamos, traímos pessoas “amadas”. Ensinamos as crianças a não mentir e quando o cobrador liga pedimos que ela atenda e diga que não “estamos em casa”.
A questão da ética e da corrupção está muito mais entranhada, é muito mais complexa do que simplesmente olharmos para a TV e elegermos um “bode expiatório” para aliviar a nossa consciência. Família é lugar de cidadania, é o primeiro espaço político que se vive, ali muita coisa acontece e estas sementes gerarão frutos. Escola deve entregar conhecimento e estimular a criatividade. Família é lugar de ética, valores e educação. Nossas crianças precisam de um olhar cuidadoso e diálogo, não só de vídeo game e computador.
3. Investimento em pessoas
Todos os empresários questionam a falta de investimento em saúde e educação por parte dos políticos. Nós, como cidadãos, sofremos um descaso muito grande. Pagamos altos impostos e não recebemos os benefícios.
A corrupção é um câncer que nos “come pelas pernas”. Atrapalha em todas as esferas da sociedade e compromete uma nação inteira. Agora vejamos - falar em investir em educação, cultura, saúde, etc; é falar de investir em pessoas, mas será que não percebemos que muitos de nós, gestores e administradores também não investimos em capacitação, treinamento e qualidade de vida para as nossas equipes de trabalho? Os cortes, em caso de crise, acontecem sempre na publicidade, em pessoas e em capacitação e treinamento.
Ou seja, contratamos errado, treinamos errado, isso quando treinamos, mas queremos um bom resultado? Albert Einstein já dizia que não há nada mais insano do que fazer tudo do mesmo jeito e esperar resultados diferentes.
4. A ideia de crise
Ela é real em termos, porque na verdade o que fica em destaque numa “crise" é a nossa capacidade de superar, criar novas saídas, fazer melhor e de novas maneiras aquilo que nos “acomodamos" em fazer.
O mundo mudou, as gerações mudaram, a tecnologia avançou e as informações estão na rede na velocidade do agora. Então, a questão é que, se não nos prepararmos para estes desafios e não aprendermos a jogar com as peças certas, do jeito certo, o jogo se vira contra nós.
Se você só tem um martelo, vai tratar tudo como prego. Ferramentas e conhecimento são fundamentais para os momentos de crise. Eles nos testam, nos põe à prova e nos conduzem a crescer, amadurecer.

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