Nascido em 1941 nos EUA, Bob Dylan lançou 48 discos em mais de 50
anos de carreira
Bob Dylan, o rebelde, o
poeta - aquele que expressou por metáforas o que ninguém se atrevia a dizer em
meio à tensão da Guerra Fria.
Bob Dylan, o maior - e, para alguns, como a revista
especializada Rolling Stone, o melhor -
representante das canções de protesto de todos os tempos e, hoje, o novo Prêmio
Nobel de Literatura.
Para
compreender melhor a arte e a genialidade de Dylan, atributos que o
transformaram no primeiro músico a ser laureado com um Nobel, selecionamos
trechos de seis de suas letras mais icônicas.
1. Masters of War (Mestres da Guerra), 1963
You that build the big guns / Vocês que fabricam as grandes armas
You that build the death planes / Vocês que fabricam os aviões da morte
You that build
all the bombs / Vocês que fabricam todas as
bombas
You that hide behind walls / Vocês que se escondem atrás de muros
You that hide behind desks / Vocês que se escondem atrás de mesas
I just want you
to know / Só quero que saibam
I can see through your masks / Que posso ver através de suas
máscaras
Raiva,
angústia, ira. Tudo junto e misturado em plena Guerra Fria, quando os Estados
Unidos começavam a intervir no Vietnã e no ano em que o presidente John F.
Kennedy foi morto a tiros.
"Nunca
havia escrito algo assim antes", contou Dylan em uma entrevista. "Não
canto canções para desejar a morte das pessoas, mas não pude evitar isso com
esta."
2. A hard rain's a-gonna fall (Uma chuva forte irá
cair), 1963
Compositor já tinha prêmios na música (Grammy) e no cinema (Oscar
e Globo de Ouro)
I saw a newborn
baby with wild wolves all around it / Eu vi um
recém-nascido rodeado por lobos
I saw a highway
of diamonds with nobody on it / Eu vi uma estrada
de diamantes com ninguém nela
I saw a black
branch with blood that kept drippin' / Eu vi um galho
negro que pingava sangue
I saw a room
full of men with their hammers a-bleedin' / Eu vi uma sala
cheia de homens com seus martelos sangrando
I saw a white ladder all covered with water / Eu vi uma escada branca toda
coberta por água
I saw ten thousand talkers whose tongues were all
broken / Eu
vi dez mil oradores cujas línguas estavam todas quebradas
I saw guns and sharp swords in the hands of young
children / Eu
vi armas e espadas afiadas nas mãos de crianças
And it's a
hard, it's a hard, it's a hard, and it's a hard / E é forte, é forte, é forte e é forte
It's a hard rain's a-gonna fall. / É forte a chuva que irá cair
Considerada a "melhor canção de protesto
escrita pelo melhor autor de protesto de todos os tempos" pela Rolling Stone, esta música de sete minutos fala de um
pai que pergunta a seus filhos o que eles veem, e eles descrevem cenas
apocalípticas.
"Cada
linha é o começo de uma canção por si só", explicou Dylan na época do
lançamento. Mas, ao escrevê-la, ele não achou que teria tempo suficiente para
escrever cada uma destas músicas, e "por isso reuniu todas elas em uma
só".
3. Like a Rolling Stone (Como uma pedra que rola),
1965
O
artista é o primeiro americano a vencer o Nobel de Literatura desde Toni
Morrison, em 1993
Ah you never turned around to see the frowns
/ Ah você nunca se
virou para ver os rostos franzidos
On the jugglers and the clowns when they all did
tricks for you / Dos
malabaristas e palhaços quando todos faziam truques para você
You never understood that it ain't no good / Você nunca entendeu que isso não é bom
You shouldn't let other people get your kicks for
you / Você
não deveria deixar que outras pessoas recebam os chutes que são para você
(…)
How does it
feel, ah how does it feel? / Como se sente, ah como se
sente?
To be on your own, with no direction home / Estar sozinho, sem saber o caminho de
casa
Like a complete unknown, like a rolling stone
/ Como um completo
desconhecido, como uma pedra que rola
Trata-se, provavelmente, da canção mais conhecida
de Dylan - e considerada a melhor de todos os tempos pela Rolling Stone.
A
música catapultou o artista para o estrelato do rock, e, segundo os críticos, a
combinação de diferentes elementos musicais foi "revolucionária"
.
4. It's alright Ma (Está tudo bem,
mamãe), 1965
Dylan era cotado para o prêmio, mas poucos esperavam que a
Academia Sueca contemplasse um gênero como o folk rock
That he not busy being born is busy dying / Aquele que não está ocupado nascendo está
ocupado morrendo
Dylan
escreveu essa música em Woodstock e, 40 anos depois, fazendo uma retrospectiva,
ele disse que não poderia mais escrever canções como esta.
"Não
sei como escrevi essas canções. Tento sentar e escrever algo assim. Já o fiz
uma vez e posso fazer outras coisas agora, mas isso eu já não consigo
mais."
5. Chimes of Freedom (Sinos da Liberdade), 1964
Far between sundown's finish and midnight's broken
toll / Bem
depois do pôr do sol, antes do badalar pungente da meia-noite
We ducked inside the doorways, thunder went
crashing / Nos
atiramos pelo umbral da porta em meio a trovões que desabavam
As majestic bells of bolts struck shadows in the
sounds / Enquanto
os sinos majestosos dos raios lançavam sombras nos sons
Seeming to be the chimes of freedom flashing.
/ Como se fossem os
sinos da liberdade cintilando
Um
casal preso em meio a uma tempestade, entre o entardecer e a meia-noite, parece
ser o tema da música. Mas, como tudo de Dylan, a canção não está isenta de um
subtexto.
Segundo Mike Marqusee (1953-2015), autor de Chimes of Freedom: la política en el arte de Bob Dylan (Sinos
da Liberdade: a política na arte de Bob Dylan), o tema marca uma transição
entre o primeiro estilo de protesto do músico, "uma ladainha dos
oprimidos, na segunda metade de cada verso", e seu estilo posterior, mais
livre e caracterizado pela fusão de imagens.
6. Absolutely Sweet Mary (Maria absolutamente
doce), 1966
To live outside the law you must be honest / Para viver fora da lei, você precisa ser
honesto
Uma frase que deu a volta ao mundo desde o
lançamento desta música e continua a fazê-lo desde então. Faz parte do
disco Blonde on Blonde (1966), recomendado pela
secretaria do comitê do Nobel de Literatura para entender a poesia do autor.
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