Tiffanie Wen
Da
BBC Capital
O americano Ross Belfer se apaixonou por Tel Aviv à
distância.
Em 2011, ele trabalhava como supervisor de contas em uma agência de
publicidade de Nova York quando recebeu a responsabilidade de promover a cidade
israelense como parte de um trabalho com a Autoridade de Turismo de Israel.
"Fiquei muito animado com o que estava acontecendo aqui",
conta. "A cidade estava se desenvolvendo, se expandindo e progredindo. Eu
escrevia os press releases sobre Tel Aviv e me perguntava o que estava fazendo
trancado em um escritório em Nova York."
Naquele mesmo ano, Belfer tomou coragem e se mudou para Israel para
fazer um mestrado na Universidade de Tel Aviv. Depois de fundar sua própria
agência de publicidade, em 2014, ele agora se dedica à promoção de empresas
israelenses no exterior.
A cidade, às margens do Mediterrâneo, é um dos
pontos quentes do momento – e não só pelas temperaturas agradáveis o ano todo.
Nos últimos anos, Tel Aviv foi classificada como uma das melhores cidades de
praia do mundo pela National Geographic e o
melhor destino de turismo gay do planeta pelo site Gaycities.com, entre outras
glórias.
Praia e cultura
Enquanto Jerusalém é a capital e a cidade mais sagrada de Israel, Tel
Aviv é seu coração econômico. Acessível pelo aeroporto internacional Ben
Gurion, a cidade também abriga uma das maiores universidades do país, a Bolsa
de Valores, embaixadas e uma das maiores densidades de start-ups do mundo.
Mas nem só de negócios vivem seus cidadãos. Com quilômetros e
quilômetros de praias de areia branca, uma enorme área verde em torno do rio
Yarkon, um restaurante, café ou boate para cada 221 moradores, uma enorme
variedade de eventos e a proximidade do antigo porto de Jaffa, Tel Aviv também
é considerada o coração cultural de Israel.
No radar
Elianna Bar-El, editora da revista Time Out Israel, atribui a popularidade cada vez maior
da cidade à propaganda boca a boca. "Os visitantes vêm de férias no verão,
voltam para seus países e falam como adoraram. É um fenômeno bastante
intrigante porque Israel normalmente só é notícia por causa do conflito (com
palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza)", afirma.
A "cidade que não para" é hoje o sexto destino urbano que mais
cresce no Oriente Médio e na África. Segundo o Índice MasterCard Global de
Destinos Urbanos, estima-se que os visitantes gastarão cerca de US$ 1,5 bilhão
neste ano em Tel Aviv.
A tradição entre os jovens israelenses de viajar depois de concluir o
serviço militar, obrigatório para homens e mulheres, também ajudou a propaganda
a se espalhar. "Como os israelenses viajam muito, há uma enorme mistura em
Tel Aviv. Esses jovens funcionam como embaixadores não oficiais e instilam
curiosidade sobre Israel", diz Bar-El.
Em 2012, 34% dos israelenses com mais de 20 anos viajou ao exterior pelo
menos uma vez nos 12 meses anteriores, segundo o Centro Nacional de
Estatísticas do país.
Negócios e inovação
Mas, claro, nem todos os visitantes são turistas. Muitos aproveitam
também para fazer negócios, segundo Hila Oren, diretora executiva da Tel Aviv
Global, empresa municipal. "Nossa maior conferência na área de inovação
ocorre todo mês de setembro, recebendo cerca de 10 mil pessoas por ano, sendo 2
mil estrangeiras", conta.
Para Hugo Bieber, diretor do UK Israel Business, uma câmara de comércio
bilateral, empresas internacionais de capital de risco investem milhões de
dólares no mercado israelense. Esse tipo de investimento deve ainda aumentar,
já que o governo anunciou planos de expandir e simplificar os incentivos
fiscais para start-ups que estão começando.
Bieber afirma que os israelenses são vistos como confiáveis na área de
tecnologia. "São pessoas que não têm medo de correr riscos, de tentar
quebrar coisas para fazê-las melhor e que não aceitam ‘não’ como
resposta", afirma o executivo.
A atitude parece estar compensado. As empresas de tecnologia israelenses
viveram um ano recorde em 2014, com 18 IPOs no valor de US$ 9,8 bilhões e 52
fusões e aquisições no valor de US$ 5 bilhões, segundo a PcW Israel.
O país é hoje o segundo mais importante ambiente para start-ups no
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o índice anual Startup
Ecosystem, publicado pela Compass Inc.
Histórias de sucesso amplamente divulgadas, como a aquisição pelo Google
da empresa de mapas israelense Waze, em 2013, também ajudam a fomentar a cena
local no mercado de tecnologia.
Custo de vida
Mas morar à beira da praia em um ambiente tão inovador tem seu preço.
Tel Aviv tem o maior custo de vida para expatriados em todo o Oriente Médio, e
está no 18º lugar em relação ao resto do mundo, segundo a consultoria Mercer.
Para sobreviver na cidade, Bar-El diz que muitos estrangeiros baixam seu
padrão de vida, se tornam mais flexíveis no mercado de trabalho ou tentam se
empregar com companhias estrangeiras que possam pagar melhor.
"Apesar de não ser fácil vencer em Tel Aviv, as pessoas que trazem
habilidades especiais ou começam seus próprios negócios costumam se dar
bem", conta Belfer. "É o tipo de lugar onde não há limites se você realmente
souber o que quer."
Segundo Bieber, os israelenses são famosos por serem diretos. "As
pessoas não têm medo de dar suas opiniões. Não existe enrolação", conta.
Para ele, a melhor maneira de construir relacionamentos com os locais é dedicar
tempo a encontrá-los pessoalmente. "A vantagem aqui é que todo o mundo vai
para a praia, e alguns negócios são fechados em algum bar à beira-mar."
Leia a versão original desta
reportagem em inglês no site da BBC Capital
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