Arte pictórica
Publicado por Jéssica Parizotto
O pintor Yves Klein
flertou com as mais diversas manifestações artísticas. Da pintura à literatura,
da fotografia à música, ele experimentou tudo. E isso talvez seja a principal
característica de sua obra. Propondo novas formas de fazer arte, ele anunciou a
pós-modernidade com alguns anos de antecedência.
“Saut dans le vide” é o nome de uma das obras
mais conhecidas da carreira (breve, mas produtiva) de Yves Klein. O salto no
vazio que o artista se propõe resume um pouco a forma de pensar desse que foi
um dos precursores da arte conceitual e das performances artísticas.
Yves viveu entre os anos de 1928 e 1962. Não
teve uma formação acadêmica no campo das artes, mas conviveu com esse ambiente
desde sempre, pois era filho de pintores. Em 1946, iniciou suas primeiras
experiências como artista.
Sua forma de fazer arte se resume em três
palavras: cor, corpo e imaterial. Talvez as obras que o tenham deixado mais
conhecido no mundo sejam seus monocromos, mas, como ele mesmo gostava de dizer:
“Minhas pinturas são as cinzas da minha arte.” Seu trabalho com cores teve
basicamente três fases: Dourado, Azul e Rosa. Desses trabalhos, os que possuem
maior destaque são, sem dúvidas, os coloridos com a famosa cor patenteada pelo
pintor com o nome megalomaníaco de “Azul Klein” ou “Azul Klein Internacional”.
Mas, mesmo quando tentava, se é que tentava,
ser mais tradicional, seu trabalho fugia das regras e da obviedade.
Paralelamente às pinturas convencionais, Klein, em um dos seus momentos mais
emblemáticos, usou três modelos como pincéis. As três mulheres nuas se
besuntavam com a tinta - Azul Klein, é claro - e se esfregavam na tela para
formar imagens, tudo isso acompanhado de uma pequena orquestra que executava a
“Sinfonia Monótona”: uma sinfonia de uma única nota criada por ele mesmo em
1949.
Em contrapartida ao uso das cores, o artista
criou obras efêmeras e imateriais. Por exemplo, o lançamento de 1001 balões
Azul Klein no céu de Paris, uma exposição que consistia em uma galeria de arte
vazia e a venda do que ele chamava de “Zonas Imateriais de Sensibilidade
Pictórica”, que nada mais eram do que espaços vazios.
Ao longo de sua carreira, Klein explorou
questões em torno do imaterial. O ponto central das suas ideias pode ser
representado pela fotomontagem de 1960. O “Vazio” que o artista buscou
representar propunha que a arte fosse livre de influências, que as pessoas se concentrassem
na realidade de suas sensações e não na representação. O artista removia essas
representações dos seus trabalhos através de pinturas sem imagens, sinfonias
sem notas, etc..
Mas, mais do que questionamentos filosóficos
acerca da arte e da vida, Klein anunciava um novo tipo de fazer artístico que
estava de acordo com as mudanças do seu tempo. Instalações artísticas,
performances e a mescla de diversas artes representavam melhor o inicio da
pós-modernidade e do seu vazio.
Yves Klein provavelmente não sabia, mas
estava anunciando o futuro e ao mesmo tempo propondo um desafio que continuamos
tentando superar: o vazio em cada um.
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