Publicado por Amanda Carvalho
“Amante da
leitura e da escrita, a palavra é a melhor forma de expressão autêntica
existente, nela há a possibilidade de desembaraçar os sentimentos e
embaralhá-los novamente.”
Em suas meditações
metafísicas, o filósofo René Descartes afirmava que a própria existência seria
uma verdade inabalável - “Eu sou, eu existo”. Nesse sentido, o presente texto
pretende explanar um pouco esse tema.
Foto: Leonard de Selva/Corbis
“(...) desfazer-me de todas as opiniões a que
até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se
quisesse estabelecer algo de firme e constante nas ciências”. Na primeira
Meditação, Descartes abre caminho para construir o próprio conhecimento, com o
propósito de encontrar um método tão seguro que o conduzisse à verdade
indubitável. Como se sabe, o conhecimento é inteiramente dominado pela
inteligência – e não pelos sentidos – e baseado na ordem e na medida, o que
permite estabelecer cadeias de razões, para deduzir uma coisa de outra.
Assim, Descartes elabora a dúvida hiperbólica
que o impeliria a indagar se não restaria algo que fosse inteiramente
indubitável, dividido em percepção distante, percepção próxima, gênio maligno e
a própria existência. Na percepção distante, por exemplo, vejo algo se mexer
atrás dos arbustos, mas quando olho foi apenas uma criança com um carrinho de
brinquedo, isto é, aquilo que me enganou uma vez poderá enganar-me sempre. Em
seguida, Descartes utiliza o argumento dos sonhos (percepção próxima) onde não
se pode distinguir se estou acordado, ou dormindo, se tenho corpo ou olhos onde
se encontrará uma limitação na composição primária do meu sono com as
grandezas, o tempo, o espaço e todas as outras relações matemáticas. Por
último, o argumento de um “arquiteto enganador”, um gênio maligno que poderia
me ludibriar que dois mais dois são quatro, ou que me fizesse perceber um mundo
inexistente.
Desse modo, Descartes busca a verdade
primeira que não pode ser posta em dúvida, destruindo os conhecimentos que
tinha por verdadeiro e reconstruir outro, começa a duvidar de tudo: do
testemunho dos sentidos, das afirmações do senso comum, das informações da
consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo
exterior e da realidade de seu próprio corpo. Procura assim o axioma, ou seja,
o conhecimento que se auto afirma, que não se pode duvidar, uma verdade
absoluta e indubitável que seria a dúvida hiperbólica porque o impeliria a
indagar se não restaria algo que fosse inteiramente indubitável.
Logo, conclui-se que a própria existência
seria essa verdade inabalável, pois ao afirmar “eu sou, eu existo”, é possível
perceber essa verdade pela intelectualidade e não pelos sentidos, não podendo
colocar a própria existência em dúvida. Pois, o pensamento se encontra no
espírito, como fundamento para apreensão de outras verdades. Assim sendo, são
ideias inatas, verdadeiras, não sujeitas a erro, pois vêm da razão. Portanto, a
existência é uma verdade necessária, ou seja, eu sou enquanto ser pensante e
tudo aquilo que penso não é extensivo ao que é essencial para o mundo material.
Imagem:
fabiomesquita.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário