Cinema
Publicado por Renata
Moreira
Talvez comer, rezar e
amar sejam três ingredientes de sucesso para conhecer a si mesmo em uma viagem.
Com o destino a sua livre escolha, a sua bagagem de mão não vai ser aquela que
mais importa...
Que tal largar tudo aquilo que te liga a um
presente seguro, taxativo e rotineiro e se entregar a uma viagem pelos campos
mais longínquos e inóspitos do seu próprio eu? Sim! Foi o que fez a
protagonista, Liz, em “comer, rezar, amar”. Somos rodeados por cenas cotidianas
que costumam fazer parte do nosso dia a dia de maneira tão repetitiva, que nos
tornamos reféns de todo aquele roteiro pré estabelecido: casa, trabalho,
escola, lazer, compromissos. Esse fato faz com que a nossa atenção deixe de se
voltar para as pequenas coisas que nos motivam e nos representam, para
considerar relevante apenas o que nos rodeia e se faz utilitariamente
necessário para construir um dia após o outro, nesse mar de eternos
compromissos.
Determinada a abandonar a sua zona de
conforto, Liz, interpretada pela atriz Julia Roberts, segue por uma trajetória
de autoconhecimento onde se abre verdadeiramente e acredita que todos os
acontecimentos, ocorridos durante a sua viagem, são compostos por significados
que podem agregar valor à sua trajetória de alguma maneira. Ela aprecia o
prazer da gastronomia na Itália; o grande poder da oração na Índia e a paz
interior em Bali, onde conhece, como que pela força do destino, o seu
verdadeiro amor.
Pode parecer só mais uma história saída
direto de mais um daqueles filmes clichês, onde mil e uma situações inusitadas
acontecem para que, no fim, o romance prevaleça e o protagonista viva “feliz
para sempre” com o seu verdadeiro amor. Mas há algo de peculiar nessa história
que a torna humana, que nos aproxima da realidade cinematográfica e nos motiva
a viver uma aventura de autoconhecimento.
Estamos todos movidos a mil por hora, com a
cabeça aonde o corpo não está e imersos em pensamentos futurísticos que nos
inundam em nosso próprio amanhã. Através do filme, inspirado no best-seller
autobiográfico de Elizabeth Gilbert, é possível perceber os inúmeros benefícios
advindos de uma atitude de transformação. Isso não é uma regra, já que a vida
não é composta de padrões, mas uma maneira de se deleitar na própria
existência; de descobrir ser fantástica a companhia de si mesmo, compreendendo
que a solidão não é estar aquém do resto da sociedade mas, é respeitar quem se
é.
Sem ter medo das descobertas e do porvir, uma
viagem - que pode ser ao redor do mundo, do seu país, da sua cidade, do seu
bairro ou de si mesmo – possibilita a compreensão interna de cada um. Somos
poço de incertezas, dúvidas, pormenores, mas há algo a se pensar: por meio dos
pontos de interrogação, descobrimo-nos reticências e, munidos por interjeições
combinadas com uma expressiva exclamação, entendemos que o ponto final é só o
início de uma nova f(r)ase.
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