Arte fotográfica
Publicado por carolina
carmini
“...gosta
de pensar que se não tivesse nascido, alguém a teria inventado.”
Para o fotógrafo francês
Francis Giacobetti, o fator humano está sempre no centro de seu trabalho -
desde seus retratos inventivos e profundos até seus nus sensuais e poéticos,
passando pelos editoriais de moda e design. Por sua câmara passaram as mais
belas mulheres, os artistas mais geniais e os intelectuais. Sua produção
eclética é possuidora de uma linguagem única.
© Francis Giacobetti, "Motion 4".
Apesar de o advento da fotografia pertencer
ao século XIX, esta renasceu para ocupar seu posto atual em meados da década de
1960. A linguagem que revolucionou as formas de representação da arte e também
realizou uma ruptura nos modos de fruição pelas pessoas possuía um papel
secundário na história. Em diversos momentos a produção fotográfica foi
entendida como uma questão mais ligada à publicidade e ao documental do que às
artes.
© Francis
Giacobetti, "Egg, Water. Life".
© Francis
Giacobetti, "National Treasures of Japan".
© Francis
Giacobetti, "National Treasures of Japan".
© Francis
Giacobetti, "National Treasures of Japan".
No entanto, nem todos os fotógrafos se
conformavam com essa situação e passaram a realizar trabalhos experimentais e
inovadores, em que a fotografia descobria um discurso próprio e entrava no
mundo dos museus com uma poética particular.
Assim a fotografia vai galgando seu espaço no
mundo das artes. A transformação no entendimento da linguagem fotográfica – de
produto a arte -, não incluiu apenas a produção de fotógrafos já renomados como
Alexander Rodchenko e Alfred Stieglitz, mas também a fotografia de moda e
publicidade.
© Francis
Giacobetti, "Motion 5".
© Francis
Giacobetti, "Motion 2".
A partir desse momento, em cada produção
fotográfica poderia existir um artista em potencial e uma obra de arte. Nesse
cenário encaixa-se a produção de Francis Giacobetti. Sua produção transita
totalmente entre a publicidade, a moda e a arte. Mesclando-se. De fotógrafo
publicitário, seu trabalho alçou ao mundo das artes, museus e galerias. O
fotógrafo ganhou um novo mercado ao qual não pertencia e do qual não
participava.
© Francis
Giacobetti, "India Song".
© Francis
Giacobetti, "Waves/Drapes".
© Francis
Giacobetti, "Waves/Drapes".
© Francis
Giacobetti, "Dreamlight".
© Francis Giacobetti, Ensaio "Pleats-Please" para Issey Miyake
em 1993.
Francis Giacobetti (Marselha, 1939) começou
sua carreira de fotógrafo ainda jovem, em 1957. Ficou mundialmente famoso por
suas fotografias de moda e design, e ainda por seus nus. Trabalhou entre as
décadas de 1960 e 1980 como fotógrafo e repórter da revista masculina francesa
"Lui". Em seu currículo ainda estão passagens pelas revistas
"Paris Match", "Life" e "Look". Atuou como
diretor de arte da empresa de cosméticos "Shiseido" e desenvolveu
projetos de câmaras de fotografia e vídeo para a empresa Canon.
Por essa trajetória, em 1970, Giacobetti foi
convidado pelo "Calendário Pirelli" para oferecer seu olhar e
interpretação sobre as mulheres. No ensaio "Beleza Natural", o
fotógrafo clicou a modelo Paula Martine nas praias das Bahamas. Em toda sua
história, apenas Francis Giacobetti – e mais dois fotógrafos – imortalizaram
suas fotografias por dois anos consecutivos no calendário.
© Francis Giacobetti, "Shy Dancer", Calendário Pirelli, 1970.
© Francis Giacobetti, "Bimini, Bahamas", Calendário Pirelli,
1970.
© Francis Giacobetti, Calendário Pirelli, 1970.
© Francis Giacobetti, "Moonset", Calendário Pirelli, 1970.
Na década de 1990, em meio às várias
rememorações da morte de Che Guevara, o fotógrafo realizou um de seus trabalhos
mais sensíveis, "Che Compañeros", uma série de retrato de
companheiros do revolucionário cubano. Era a recuperação de vinte e um
indivíduos que conviveram com Che e traziam a memória desse período. Além dos
retratos, Giacobetti fez diversas fotografias das paisagens cubanas.
© Francis Giacobetti, "Fidel Castro Ruz - Che Compañeros.
© Francis Giacobetti, Manuel Pinero Losada (Barbaroja) - Che Compañeros.
© Francis Giacobetti, "Havana - Cuba".
Sensual, controverso, o fotógrafo soube ser
crítico e inovador em seu projeto mais impactante e ambicioso. Para o
"Projeto Hymn," Giacobetti recorre a seu olhar mais inquieto e
através de uma serie de 300 trípticos realiza um inventário da genialidade
humana contemporânea. Um tributo em que o fotógrafo registrou a íris, o rosto e
as mãos de personalidades como Stephen Hawking, Jacques Costeau, Oscar
Niemeyer, Akira Kurosawa, Federico Fellini, Luciano Pavarotti, Gabriel García
Márquez, Sebastião Salgado, Roy Lichtenstein, Aung San Suu Kyi, Nelson Mandela
e Mikhail Gorbatchov.
© Francis
Giacobetti, "Hymn Project" - Aung San Suu-Kyi.
© Francis
Giacobetti, "Hymn Project" - Claude Lévi-Strauss.
© Francis
Giacobetti, "Hymn Project" - Gérard Depardieu.
© Francis
Giacobetti, "Hymn Project" - Mikhail Baryshnikov.
© Francis
Giacobetti, "Hymn Project" - Ray Charles.
O uso radical da sombra e da luz, criando ora
trabalhos geométricos, ora dramáticos retratos, as ricas cores que emprega em
cada obra, conferem expressividade a cada fotografia, no melhor estilo da
tradição fotográfica francesa. Giacobetti dá a supermodelos, ícones do
proletariado e da cultura a mesma atenção, interesse, curiosidade e arrojo que
transformaram seus trabalhos e lhe renderam o título de um dos 40 fotógrafos
mais importantes do século XX.
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis
Giacobetti, "Optic Stripes".
© Francis Giacobetti, "Optic Stripes".
Se a produção de Giacobetti no passado vivia
em uma crise de identidade para a crítica e o público - arte ou publicidade? -
o tempo e as instituições vieram reconhecer e consolidar seu trabalho. Suas
fotografias já passaram por museus como o Stedelijk Museum Amsterdam, o Grand
Palais e o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia de Madrid. E em 1993 suas
obras foram escolhidas – juntamente com outros dois artistas – para um projeto
que pretendia introduzir a arte contemporânea no Museu do Louvre.
© Francis
Giacobetti, "Cesar in the Louvre Museum".
© Francis
Giacobetti, "Last Supper with Chefs", 1979.
Conheça aqui mais
trabalhos de Francis Giacobetti.
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