terça-feira, 8 de outubro de 2013

CARLOS BASTOS

Série: Pintores baianos

Biografia

Carlos Frederico Bastos (Salvador BA 1925 - idem 2004). Pintor, ilustrador, cenógrafo. Inicia sua formação artística na Escola de Belas-Artes da Universidade da Bahia, onde ingressa em 1944 e assiste às aulas de João Mendonça Filho, Raymundo Aguiar e Alberto Valença. Nesse ano, participa, ao lado de Mario Cravo Júnior e de Genaro, da 1ª Mostra de Arte Moderna da Bahia. Muda-se para o Rio de
Janeiro, em 1946, e conclui os estudos na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Estuda também na Sociedade Brasileira de Belas Artes e na Fundação Getúlio Vargas - FGV, aluno de Santa Rosa, Iberê Camargo e Carlos Oswald. Paralelamente, faz cursos particulares com Candido Portinari e aulas de cenografia com Martim Gonçalves. Em 1947, de volta a Salvador, organiza sua primeira individual na Biblioteca Pública. Nesse mesmo ano, realiza especialização na Arts Students League, Nova York. Vai para Paris, em 1949, onde faz cursos de pintura mural e afresco na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e aulas de desenho na Académie de la Grande Chaumière. De volta ao Brasil, em 1951, participa do 1º Salão de Arte Moderna, 1952, e do Salão Preto e Branco, 1954, entre outros. Após novo período em Paris, de 1957 a 1958, monta seu ateliê no Solar da Jaqueira em Salvador, fixando-se na cidade. Em 1962, um acidente o mantém por longo período em cadeira de rodas. Edita Santos e Anjos da Bahia, com prefácio de Jorge Amado, em 1965, momento em que uma paralisia leva-o a novo período em cadeira de rodas. Ilustra diversos livros nas décadas de 1970 e 1980.
Comentário Crítico

O cenário da obra de Carlos Bastos é a Bahia, que ele representa com franca postura realista. Valendo-se de desenho minucioso e forte colorido, suas telas explicitam compromisso com o registro da região e sua cultura. Nesse sentido, sua produção dialoga com a de outros artistas atuantes na Bahia como Carybé, Genaro, Mario Cravo Júnior e Jenner Augusto. Os retratos ocupam lugar destacado na década de 1940 (Auto-Retrato, 1943, Retrato de Wallace Michael, 1948, e Mulher com Gato, 1948), permanecendo filão importante na obra madura (Retrato de Nair e Genaro, 1961, e Retrato de Maria Emília, 1971). As festas - outro eixo temático bastante explorado - fornecem novas possibilidades para a expressão da cor e da vida local (A Procissão, 1947, Festa Cívica, 1958, Procissão do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, 1973/1975, e Festa de São Pedro em Praia do Forte, 1995). Também as figuras populares, negros, meninos abandonados, jogadores etc. são frequentemente convocados a compor telas de cores exuberantes e/ou extensos painéis. O universo religioso, católico e afro-brasileiro, ocupa lugar destacado no interior desse leque temático.
Se a pintura é uma das grandes expressões de Bastos, seu nome está ligado aos murais e painéis que realiza para edifícios públicos que almejam figurar a alma mística do povo, seus símbolos e crenças. Ainda que atento à dimensão social, sua preocupação maior são formas, corpos, linhas e cores, o que leva diversos críticos a sublinharem a "sensualidade" dessas obras. Nos termos de Roger Bastide: "O que impressiona o espectador, antes de mais nada, é a sensualidade que não é como no expressionismo alemão, por exemplo, uma revolta contra a moral burguesa, mas que é espontânea, natural. Sensualidade da cor, que o leva a não temer o decorativismo".

Eis algumas de suas obras-primas:









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