O mistério dos elementos
CONTEMPLAI as numerosas coisas que nos cercam,
madeira, ferro, cobre, aço, vidro, porcelana, areia, ar, vapor, água, e assim
por diante. Ora, quantas coisas diferentes supondes que
existem? Inúmeras, sem dúvida. Mas quantas coisas elementáis diferentes
existem no mundo?
Uma das mais notáveis realizações da ciência foi
ter provado que todos os ilimitados objetos deste mundo podem ser formados
justamente de 92 elementos, nem mais nem menos. Há apenas 92
materiais de construção na natureza e com estas substâncias elementais tudo pode ser construído desde o menor grão de areia à mais
gigantesca das estrelas.
Alguns destes materiais elementares de construção
todos nós conhecemos. O oxigênio e o azoto constituem a maior parte do ar que
respiramos. Reconhecemos o clarão vermelho do neônio e o cintilar azulino dos
traços de mercúrio. Lembramo-nos de que o hidrogênio e o hélio são empregados
para encher os Zepelins; o ferro, o enxofre e o cromo são-nos bastante
familiares. Mas alguns dos outros elementos químicos, como o rubídio, o háfnio,
o praseodímio e o actinio, para só mencionar alguns, são um pouco mais
estranhos à nossa experiência comum.
À história da descoberta dos elementos é uma das
mais fascinantes sagas do mundo. Mesmo no tempo de Aristóteles, a hipótese de
que todas as coisas se originavam de um comparativamente pequeno número de
elementos já ia bem adiantada. Mas somente quase dois mil anos mais tarde é que
este fato foi estabelecido como uma definitiva lei da natureza. E então começou
a lenta pesquisa para isolar todos os elementos. A princípio, seu número era
desconhecido. O químico russo, Mendeléeff foi dos primeiros a indicar que seu
número deveria parar em 92 e isso muito antes que os atuais 92 tivessem sido
estabelecidos! Mesmo nos dias de hoje, dois destes elementos químicos estão
perdidos: ninguém conseguiu isolar ainda os elementos número 85 e 87.
Como é que com apenas 92 elementos, ou materiais de
construção, podemos ter a complexidade de materiais de que hoje gozamos, para
não falar dos novos objetos que estão sendo descobertos ou criados quase que de
hora em hora? Esta infinita variedade de substâncias é devida à espantosa
facilidade com que a natureza permitiu que se combinassem em inumeráveis formas
de 92 elementos. Um elemento é, por definição, uma substância formada de um
simples constituinte. Pouquíssimas coisas materiais no mundo são constituídas
dum simples elemento. A maior parte das substâncias que conhecemos é composta
duma combinação de elementos. A água, por exemplo, é uma combinação de
hidrogênio e oxigênio. O aço é composto em grande escala de ferro, com o
acréscimo de pequenos traços de carvão e silício. O vidro é um composto de
silício e oxigênio.
Importante e interessante fato a notar é o
seguinte: que a mesma combinação de elementos formará diferentes coisas em
diferentes proporções. Assim, o carbono, o hidrogênio e o oxigênio, em
determinada proporção, combinam-se para formar a aspirina; mas o carbono, o
hidrogênio e o oxigênio podem também combinar-se em diferentes proporções para
formar o éter, o álcool, a gasolina, o açúcar e um rol de outras substâncias. E
todas essas substâncias podem ser reduzidas, por meios adequados a seus fatores
elementares.
A própria química é a ciência de construir ou de
alterar a matéria, com o auxílio desses pequenos materiais de construção.
Férteis têm sido nossas realizações neste campo, porque, ajuntando levemente
aqui ou subtraindo ali, podemos combinar velhos elementos em novos e admiráveis
objetos. A maravilha que tudo isso representa pode ser avaliada pelo cabedal de
novas substâncias utilizadas hoje em dia. Seda artificial, borracha artificial,
celofane, celulóide, diamantes artificiais, novos materiais para cerâmica,
asbestos, TNT (trinitrotoluol), eis aí pouquíssimas das realizações da arte
extraordinária da química, na fabricação de novos artigos tirados dos velhos,
tudo feito com o auxílio precisamente daquelas 92 substâncias, as 92 notas da
escala química, na poderosa Sinfonia da Criação.
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