Por Monique Cardoso
Das festas
populares do Brasil, o Carnaval é, sem dúvidas, a mais grandiosa delas e uma
das poucas manifestações folclóricas que ainda sobrevivem e conseguem envolver
o grande público. A história
do Carnaval começa há mais de 4 mil anos antes de
Cristo, com festas promovidas no antigo Egito, como as festas de culto a Ísis.
Eram principalmente eventos relacionadas a acontecimentos religiosos e rituais
agrários, na época da colheita de grandes safras. Desde essa época as pessoas
já pintavam os rostos, dançavam e bebiam. Há também indícios que o Carnaval tem
origem em festas pagãs e rituais de orgia. Em Roma, as raízes deste
acontecimento estão ligadas a danças em homenagem ao Deus Pã e Baco, eram as chamadas
Lupercais e Bacanais ou Dionisíacos.
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Com o advento da
Era Cristã, a Igreja começou a tentar conter os excessos do povo nestas festas
pagãs. Uma solução foi a inclusão do período momesco no calendário religioso.
Antecedendo a Quaresma, o Carnaval ficou sendo uma festa que termina em
penitência na quarta feira de cinzas. Os cristãos costumavam iniciar as
comemorações do Carnaval na época de Natal, Ano Novo e festa de Reis. Mas estas
se acentuavam no período que antecedia a Terça-feira Gorda, chamada assim
porque era o último dia em que os cristãos comiam carne antes do jejum da
quaresma, no qual também havia, tradicionalmente, a abstinência de sexo e até
mesmo das diversões, como circo, teatro ou festas.
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De acordo com o
calendário gregoriano, utilizado oficialmente na maior parte do mundo, o
Carnaval é uma festa móvel porque é indicado pelo domingo de Páscoa, também uma
data comemorativa móvel para que não coincida com a páscoa dos judeus. Para
saber em que dia cairá as duas festas, determina-se primeiro o equinócio da
Primavera (no Brasil é Outono). Não se pode esquecer que o calendário segue as
estações do ano de acordo com o hemisfério norte, onde foi criado. O primeiro
domingo após a lua cheia posterior ao equinócio da primavera é o domingo de
Páscoa. Face a essa regra, o domingo de carnaval cairá sempre no 7º domingo que
antecede à Páscoa. A quaresma tem início na quarta feira de cinzas e como o
próprio nome diz, tem duração de 40 dias.
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Na Idade Média,
predominavam nos festejos de Carnaval os jogos e disfarces. Em Roma havia
corridas de cavalos, desfiles de carros alegóricos e divertimentos inocentes
como a briga de confetes pelas ruas. O baile de máscaras foi introduzido pelo
papa Paulo II, no século XV, mas ganhou força e tradição no século seguinte,
por causa do sucesso da Commedia dell'Arte. As mais famosas máscaras são as
confeccionadas em Veneza e Florença, muito utilizadas pelas damas da nobreza no
século XVIII como símbolo máximo da sedução.
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Datam dessa época
três grandes personagens do Carnaval. A Colombina, o Pierrô e o Arlequim tem
origem na Comédia Italiana, companhia de atores que se instalou na França pra
difundir a Commedia dell'Arte. O Pierrô é uma figura ingênua, sentimental e
romântica. É apaixonado pela Colombina, que era uma caricatura das antigas
criadas de quarto, sedutoras e volúveis. Mas ela é a amante de Arlequim, rival
do Pierrô, que representa o palhaço farsante e cômico.
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Na Europa um dos
principais rituais de Carnaval foi o Entrudo. A palavra vem do latim e
significa início, começo, a abertura da Quaresma. Existe desde 590 d.C., quando
o carnaval cristão foi oficializado. O povo comemorava comendo e bebendo para
compensar o jejum. Mas, aos poucos, o ritual foi se tornando bruto e grosseiro
e o máximo de sua violência e falta de respeito aconteceu em Portugal, nos
séculos XVII e XVIII. Homens e mulheres atiravam água suja e ovos das janelas
dos velhos sobrados e balcões. Nas ruas havia guerra de laranjas podres e
restos de comida e se cometia todo tipo de abusos e atrocidades.
O Carnaval no
Brasil
Por causa das
atuais maneiras de se brincar o Carnaval. muita gente pensa que esta festa tem
origem na cultura trazida pelos escravos. Mas, ao contrário disso, o carnaval
brasileiro se origina no entrudo português e aqui chegou com as primeiras
caravelas da colonização. Recebeu também muitas influências das mascaradas
italianas e somente no século XX é que recebeu elementos africanos,
considerados fundamentais para seu desenvolvimento. Com essa mistura de
costumes e tradições tão diferentes, o Carnaval do Brasil é um dos mais famosos
do mundo e, todos os anos, atrai milhares de turistas dos cinco continentes.
Mais precisamente, o entrudo desembarcou no Brasil em 1641, na cidade do Rio de Janeiro. Assim como em Portugal, era uma festa cheia de inconveniências da qual participavam tanto os escravos quanto as famílias brancas. Após insistentes intervenções e advertências da Igreja Católica, os banhos de água suja foram sendo substituídos por limões de cheiro, esferas de cera com água perfumada ou água de rosas e bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Esses frascos deram origem ao lança-perfume, bisnaga ou vidro de éter perfumado de origem francesa. Criado em 1885, chegou ao Brasil nos primeiros anos do século XX. Também substituindo as grosserias, vieram então as batalhas de flores e os desfiles em carros alegóricos, de origem europeia.
Uma das figuras mais marcantes da festa é a do Rei Momo, inspirada nos bufos, atores portugueses que costumavam representar comédias teatrais para divertir os nobres. Há também o Zé Pereira, tocador de bumbo que apareceu em 1846 e revolucionou o carnaval carioca. Tem origem portuguesa e, tendo sido esquecido no começo do século XX, deixou como sucessores os ritimistas que acompanhavam os blocos dos sujos tocando cuíca, pandeiro, reco-reco e outros instrumentos.
As máscaras e fantasias começaram a ser difundidas aqui ainda na primeira metade do século XIX. O primeiro baile de máscaras do Brasil foi realizado pelo Hotel Itália, no Largo do Rocio, RJ. A idéia logo virou um hábito e contagiou a cidade. Mas, apesar de ser uma maneira sadia e alegre de se brincar o carnaval, contribuiu para marcar as já gritantes diferenças sociais que aqui sempre existiram. O carnaval dos salões veio para agradar a elite e a classe emergente do país, o povo ficava do lado de fora, nas festas de rua ao ar livre. E mesmo com o grande sucesso dos bailes de salão, foi na esfera popular que o carnaval adquiriu formas genuinamente autênticas e brasileiras.
Um dos itens mais importantes do carnaval brasileiro também obedece à evolução histórica. Na falta de um gênero próprio de música carnavalesca, inicialmente as brincadeiras eram acompanhadas pela Polca. Depois o ritmo passou a ser ditado pelas quadrilhas, valsas, tangos, charleston e maxixe, sempre em versão instrumental. Somente em 1880 as versões cantadas - entoadas por coros - invadiram os bailes. A primeira música feita exclusivamente para o carnaval foi uma marchinha, "Ó abre alas", composta para o cordão Rosa de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga em 1899 e inspirada pela cadência rítmica dos ranchos e cordões. Desde então este gênero, que rapidamente caiu no gosto popular, passou a animar os carnavais cariocas. Elas sobreviveram por um longo tempo, mas foram substituídas pelo samba, que na década de 60 passou a ocupar definitivamente o lugar das velhas marchinhas populares de carnaval nas rádios, nas gravadoras de discos e na recente televisão.
Mais precisamente, o entrudo desembarcou no Brasil em 1641, na cidade do Rio de Janeiro. Assim como em Portugal, era uma festa cheia de inconveniências da qual participavam tanto os escravos quanto as famílias brancas. Após insistentes intervenções e advertências da Igreja Católica, os banhos de água suja foram sendo substituídos por limões de cheiro, esferas de cera com água perfumada ou água de rosas e bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Esses frascos deram origem ao lança-perfume, bisnaga ou vidro de éter perfumado de origem francesa. Criado em 1885, chegou ao Brasil nos primeiros anos do século XX. Também substituindo as grosserias, vieram então as batalhas de flores e os desfiles em carros alegóricos, de origem europeia.
Uma das figuras mais marcantes da festa é a do Rei Momo, inspirada nos bufos, atores portugueses que costumavam representar comédias teatrais para divertir os nobres. Há também o Zé Pereira, tocador de bumbo que apareceu em 1846 e revolucionou o carnaval carioca. Tem origem portuguesa e, tendo sido esquecido no começo do século XX, deixou como sucessores os ritimistas que acompanhavam os blocos dos sujos tocando cuíca, pandeiro, reco-reco e outros instrumentos.
As máscaras e fantasias começaram a ser difundidas aqui ainda na primeira metade do século XIX. O primeiro baile de máscaras do Brasil foi realizado pelo Hotel Itália, no Largo do Rocio, RJ. A idéia logo virou um hábito e contagiou a cidade. Mas, apesar de ser uma maneira sadia e alegre de se brincar o carnaval, contribuiu para marcar as já gritantes diferenças sociais que aqui sempre existiram. O carnaval dos salões veio para agradar a elite e a classe emergente do país, o povo ficava do lado de fora, nas festas de rua ao ar livre. E mesmo com o grande sucesso dos bailes de salão, foi na esfera popular que o carnaval adquiriu formas genuinamente autênticas e brasileiras.
Um dos itens mais importantes do carnaval brasileiro também obedece à evolução histórica. Na falta de um gênero próprio de música carnavalesca, inicialmente as brincadeiras eram acompanhadas pela Polca. Depois o ritmo passou a ser ditado pelas quadrilhas, valsas, tangos, charleston e maxixe, sempre em versão instrumental. Somente em 1880 as versões cantadas - entoadas por coros - invadiram os bailes. A primeira música feita exclusivamente para o carnaval foi uma marchinha, "Ó abre alas", composta para o cordão Rosa de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga em 1899 e inspirada pela cadência rítmica dos ranchos e cordões. Desde então este gênero, que rapidamente caiu no gosto popular, passou a animar os carnavais cariocas. Elas sobreviveram por um longo tempo, mas foram substituídas pelo samba, que na década de 60 passou a ocupar definitivamente o lugar das velhas marchinhas populares de carnaval nas rádios, nas gravadoras de discos e na recente televisão.
A evolução do
carnaval carioca
No carnaval Carioca
os cortejos carnavalescos eram organizados pelas "sociedades", clubes
ou agremiações que competiam entre si em desfiles de alegorias que geralmente
satirizavam o governo. A primeira surgiu em 1855 e se chamava "Congresso
das Sumidades Carnavalescas", tendo José de Alencar como um de seus
fundadores. Depois vieram a União Veneziana e muitas outras que eram uma
verdadeira coqueluche durante o Império. Uma das poucas que de fato se
consolidaram foi a Democráticos. Outro importante movimento foi o dos Cordões,
surgidos em 1885, que originaram os blocos e posteriormente as escolas de
samba. Eram formados por negros, mulatos e pessoas humildes em geral, que saíam
às ruas animando o povo ao som de instrumentos de percussão e músicas compostas
especialmente para os desfiles comandados pelo apito do mestre que estava
sempre à frente dos músicos. Cada Cordão era identificado por um estandarte. É
a primeira manifestação de carnaval bastante influenciada pela cultura e
religião africana. A religião, desta vez a católica, também deu origem ao
Rancho, semelhante aos Cordões, que inicialmente desfilavam no Dia de Reis,
quando as pessoas se fantasiavam de pastores e pastoras e saíam em procissão,
simulando um rumo à Belém. E assim como os cordões, os ranchos tiveram de ceder
espaço às escolas de samba.
O século XX chega com novidades também para o carnaval. Logo depois da inauguração da Av. Central surgiu o Corso, um desfile de caminhões e carros abertos, com ou sem decoração conduzindo famílias e grupos de foliões pelo centro da cidade. Era uma brincadeira animada entre as pessoas que estavam nos carros e as que acompanhavam a pé o cortejo, com direito à guerra de confete e serpentina. O Corso foi ficando para trás na medida em que o progresso e o trânsito iam para frente.
As famosas matinês tiveram início praticamente na mesma época do Corso, com a realização do primeiro baile infantil em 1907. Também se multiplicavam os bailes nas casas das famílias mais abastadas da cidade. Em 1909 surgiu o primeiro concurso num baile de carnaval. Somente os homens tinham direito à voto e os prêmios eram valiosas joias. Premiava-se a melhor fantasia, a mais bela mulher e a mais criativa dança.
O século XX chega com novidades também para o carnaval. Logo depois da inauguração da Av. Central surgiu o Corso, um desfile de caminhões e carros abertos, com ou sem decoração conduzindo famílias e grupos de foliões pelo centro da cidade. Era uma brincadeira animada entre as pessoas que estavam nos carros e as que acompanhavam a pé o cortejo, com direito à guerra de confete e serpentina. O Corso foi ficando para trás na medida em que o progresso e o trânsito iam para frente.
As famosas matinês tiveram início praticamente na mesma época do Corso, com a realização do primeiro baile infantil em 1907. Também se multiplicavam os bailes nas casas das famílias mais abastadas da cidade. Em 1909 surgiu o primeiro concurso num baile de carnaval. Somente os homens tinham direito à voto e os prêmios eram valiosas joias. Premiava-se a melhor fantasia, a mais bela mulher e a mais criativa dança.
Surgimento das
Escolas de Samba
Foi no bairro do
Estácio que surgiu o ritmo que iria dar um novo tom ao Carnaval e viria, em
pouco tempo, a se consagrar como uma das marcas registradas da música
brasileira, o samba. Com notas mais longas e um andamento bem mais rápido que
os ritmos amaxixados que o antecederam, o samba fora criado especialmente para
arrebanhar as massas durantes os desfiles de um dos mais famosos blocos de
carnaval, o Deixa Falar. A maior novidade estava por conta da evidente marcação
que a música apresentava, graças a um novo instrumento, o surdo, criado por um
dos bambas do Estácio, Alcebíades Barcelos, o Bide.
O surgimento de tantas novidades provocou uma verdadeira revolução, trazidas pelos compositores do Deixa Falar. Foi Ismael Silva o primeiro a atribuir ao bloco a expressão "escola de samba", e devido ao prestígio que gozavam, os sambistas eram chamados de professores. Há, porém, uma outra versão para o emprego da expressão "escola de samba". Bem próximo à sede do Deixa Falar, fundado em agosto de 1927, havia uma Escola Normal, formadora de professores. Como muitos sambistas de outros locais procuravam os compositores do Largo do Estácio para conhecerem as novidades do samba, estes também eram chamados "professores" e a sede do bloco, "escola de samba".
A Deixa falar foi então, a primeira escola a desfilar, no carnaval de 1929, ano em que surgiu a Estação Primeira, que até os dias de hoje reivindica para si o pioneirismo entre as escolas de samba. A primeira competição entre as escolas teve início em 1932, na Praça Onze, concurso promovido pelo jornal Mundo Sportivo, do jornalista Mário Filho. Devido à grande repercussão, o Jornal O Globo assumiu o concurso no ano seguinte. Somente em 1935 a Prefeitura do Rio tomou frente na organização do evento que é hoje, um dos maiores espetáculos do mundo.
O surgimento de tantas novidades provocou uma verdadeira revolução, trazidas pelos compositores do Deixa Falar. Foi Ismael Silva o primeiro a atribuir ao bloco a expressão "escola de samba", e devido ao prestígio que gozavam, os sambistas eram chamados de professores. Há, porém, uma outra versão para o emprego da expressão "escola de samba". Bem próximo à sede do Deixa Falar, fundado em agosto de 1927, havia uma Escola Normal, formadora de professores. Como muitos sambistas de outros locais procuravam os compositores do Largo do Estácio para conhecerem as novidades do samba, estes também eram chamados "professores" e a sede do bloco, "escola de samba".
A Deixa falar foi então, a primeira escola a desfilar, no carnaval de 1929, ano em que surgiu a Estação Primeira, que até os dias de hoje reivindica para si o pioneirismo entre as escolas de samba. A primeira competição entre as escolas teve início em 1932, na Praça Onze, concurso promovido pelo jornal Mundo Sportivo, do jornalista Mário Filho. Devido à grande repercussão, o Jornal O Globo assumiu o concurso no ano seguinte. Somente em 1935 a Prefeitura do Rio tomou frente na organização do evento que é hoje, um dos maiores espetáculos do mundo.
O Carnaval da Bahia
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O Carnaval de Rua
foi desaparecendo à medida que as Escolas de Samba ganhavam popularidade e
apresentavam à público desfiles cada vez mais grandiosos. Na Bahia aconteceu
exatamente o contrário. O carnaval de Salvador, a primeira capital do Brasil,
evoluiu como no Rio de janeiro e em diversas outras partes do país. As
iniciativas tomadas para conter os abusos do entrudo português fizeram surgir
os bailes dos salões, com grande destaque para as festas à fantasia do teatro
São João, o corso, os cordões e blocos diversos. O ano de 1884 é considerado um
marco pelos baianos devido a organização apresentada pelas manifestações
populares a partir deste ano.
No finalzinho do século XIX, por volta de 1894, 1895, surgiu o Afoxé, um tipo de grupo formado por negros que representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas cantando e recitando sequências de músicas e letras. Os afoxés exibiam-se na Baixa dos Sapateiros, Taboão, Barroquinha e Pelourinho, enquanto os grandes clubes desfilavam em áreas mais nobres. O mais famoso afoxé é o "Filhos de Gandhy", criado em 1949 - ano do IV centenário da cidade - pelos estivadores do Porto de Salvador. O nome é uma homenagem ao pacifista indiano Mahatma Gandhy, assassinado um ano antes.
A maior inovação do Carnaval da Bahia porém, foi o Trio Elétrico de Dodô e Osmar, que surgiu em 1950 e representa a consagração do carnaval de rua. A primeira apresentação foi feita em cima de um Ford 1929, com guitarras elétricas e som amplificado por auto-falantes, às cinco da tarde do Domingo de carnaval. O desfile aconteceu no Centro da cidade arrastando uma verdadeira multidão. Na verdade, o nome "trio elétrico" só surgiu mesmo no ano seguinte, quando três músicos se apresentaram em cima do tal carro.
Nos anos 70 o carnaval presenciou o nascimento de grupos históricos, como os Novos Baianos e o bloco afro Ilê Aiyê, além do renascimento do Filhos de Gandhy. Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de Salvador, que passou a enfatizar os conflitos e a protestar contra o racismo. Na década de 80, grupos como Camaleão, Eva e Olodum escreveram seus nomes na história da festa mais popular da Bahia.
No finalzinho do século XIX, por volta de 1894, 1895, surgiu o Afoxé, um tipo de grupo formado por negros que representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas cantando e recitando sequências de músicas e letras. Os afoxés exibiam-se na Baixa dos Sapateiros, Taboão, Barroquinha e Pelourinho, enquanto os grandes clubes desfilavam em áreas mais nobres. O mais famoso afoxé é o "Filhos de Gandhy", criado em 1949 - ano do IV centenário da cidade - pelos estivadores do Porto de Salvador. O nome é uma homenagem ao pacifista indiano Mahatma Gandhy, assassinado um ano antes.
A maior inovação do Carnaval da Bahia porém, foi o Trio Elétrico de Dodô e Osmar, que surgiu em 1950 e representa a consagração do carnaval de rua. A primeira apresentação foi feita em cima de um Ford 1929, com guitarras elétricas e som amplificado por auto-falantes, às cinco da tarde do Domingo de carnaval. O desfile aconteceu no Centro da cidade arrastando uma verdadeira multidão. Na verdade, o nome "trio elétrico" só surgiu mesmo no ano seguinte, quando três músicos se apresentaram em cima do tal carro.
Nos anos 70 o carnaval presenciou o nascimento de grupos históricos, como os Novos Baianos e o bloco afro Ilê Aiyê, além do renascimento do Filhos de Gandhy. Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de Salvador, que passou a enfatizar os conflitos e a protestar contra o racismo. Na década de 80, grupos como Camaleão, Eva e Olodum escreveram seus nomes na história da festa mais popular da Bahia.
Extraída do blog: areliquia.com.br/artigos%20anteriores/57histcarn.htm
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