Personalidade
Fez greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco. Antes mesmo
de concluída tal obra o rio se encontra moribundo. Assoreado, descuidado, sem
peixes, até sua nascente secou.
Dom Frei Luís Flávio Cappio OFM (Guaratinguetá, 4 de outubro de 1946) é Um bispo católico brasileiro da Diocese de Barra, Bahia. Nos anos
de 2005 e 2007 ganhou
as manchetes dos jornais ao fazer duas greve de fome em protesto ao projeto do
governo federal de transposição do Rio São Francisco.
Filho mais novo de uma família de origem italiana, é formado
em Economia, apesar de
na sua juventude ter desejado ser engenheiro . Fez
seus estudos teológicos no Seminário Franciscano de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro. Foi ordenado
padre em 1971. Trabalhou
por três anos na periferia da cidade de São Paulo pela Pastoral Operária. Em 1974, partiu
para o semiárido nordestino
com a roupa do corpo. Desde então, o bispo vive no sertão nordestino.
Sua biografia mostra uma forte ligação com São Francisco de Assis: dom Luís Cappio
nasceu no dia em que a Igreja Católica celebra este santo, tornou-se religioso
da ordem Franciscana, e foi viver às margens do rio São Francisco. Em 1992, ao
completar 48 anos, iniciou uma peregrinação de 6
mil quilômetros da nascente até a foz do Rio São Francisco. Esta peregrinação
durou um ano. Este período foi vivido por Dom Luís Cappio como uma missão ecológica e
religiosa, durante a qual o frei buscou conscientizar a população sobre a
necessidade de preservação do Rio São Francisco. A experiência foi publicada no
livro “O Rio São Francisco – Uma Caminhada entre Vida e Morte”, pela Editora Vozes.
Tornou-se bispo da
Diocese de Barra em 1997, escolhido
por não haver outro que se dispusesse a viver na região.
Entre 26 de setembro e 5 de outubro de 2005, fez
uma greve de fome em defesa do rio São Francisco na cidade
de Cabrobó, estado de
Pernambuco. Seu
protesto era a favor da revitalização do rio e contra o projeto de transposição do Rio São Francisco planejado
pelo governo do presidente Lula. Esta manifestação ganhou o apoio de diversas
organizações e movimentos sociais. O jejum foi interrompido após negociação com
o então ministro Jacques Wagner. Feito o
acordo, frei Cappio comentou que se a promessa não fosse cumprida, retomaria o
protesto.
A decisão
do governo federal de iniciar as obras da transposição em 2007, utilizando
o Exército brasileiro, fez com que o bispo iniciasse um novo jejum no
dia 27 de novembro daquele ano. Seu protesto não foi um gesto solitário, mas
deu visibilidade à luta de diversos movimentos sociais contrários à transposição, evidenciando o
conflito pelo uso das águas da bacia do São Francisco. Sua posição sobre a
transposição recebeu apoio de diversas personalidades, como o teólogo Leonardo Boff, o
geógrafo Aziz Ab'Sáber, o
escritor Adolfo Pérez Esquivel, Elba Ramalho, Letícia Sabatella, a psicóloga Marianne
Spiller, o
filósofo Rosalvo Salgueiro e
outros. Diversas entidades da sociedade, como o Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Serviço Paz e Justiça na América Latina - SERPAJ-AL e da Igreja Católica brasileira, como as pastorais sociais e a cúpula da CNBB, entidades ecumênicas como
o Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs e
movimentos sociais como o MST e o Movimento
dos Atingidos por Barragens também
manifestaram seu apoio.
Após
praticamente um mês de jejum espontâneo, entrou num grave estado de saúde,
sendo internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) na cidade de Petrolina, no dia 19
de dezembro. Por vários motivos, entre eles o parecer médico, decidiu findar
seu jejum em protesto à transposição das águas do Rio São Francisco. Não
obstante, seu protesto não terminou. Celebrou seus 36 anos de sacerdócio em
meio a este último jejum. Sua vida não poderia estar melhor associada à de São
Francisco, a quem decidiu viver semelhantemente. Hoje é um dos líderes de
projeção contra a transposição do Rio São Francisco e em defesa dos direitos
dos povos ribeirinhos.
Dom Luís Cappio em Canudos, outubro de 2007
No dia 10 de agosto de 2008 a Pax Christi Internacional, com
sede em Bruxelas, anunciou a decisão de dar a dom Luís Flávio
Cappio o prêmio da Paz 2008, por sua luta em defesa da vida na região do São
Francisco. O prêmio foi entregue no dia 18 de outubro do mesmo ano, durante a V
Romaria das Águas, em Sobradinho.
Em 9 de maio de 2009, Dom
Cappio recebe o Prêmio Kant de Cidadão do Mundo, da Fundação Kant, na cidade
de Freiburg. Este
prêmio é concedido bianualmente a pessoas que se destacaram na defesa dos direitos humanos.
Em 22 de outubro de 2009, Dom
Cappio recebeu o Troféu João Canuto, por iniciativa do Movimento Humanos Direitos, devido ao seu
empenho pelos direitos humanos
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