Contraespionagem na 2ª Grande Guerra, um feito extraordinário
Eddie
era um criminoso profissional nos anos que antecederam a 2ª Grande Guerra. Era
membro de uma gangue, e se especializou em roubar cofres utilizando explosivos.
A
sua habilidade como ladrão permitiu-lhe guardar bastante dinheiro e viver uma
vida de rico playboy no Soho, Londres, misturando-se com os gostos de Noel
Coward e Marlene Dietrich.
DE AGENTE SECRETO ALEMÃO PARA AGENTE
DUPLO
Em
1939, caçado pela Scotland Yard foge para Jersey. Malgrado seus esforços para
fugir dos rigores da lei, é preso pela polícia local e condenado a dois anos de
prisão, acrescido de mais um por tentativa de fuga.
Os alemães, ao
invadirem as ilhas do canal, encontraram-no na prisão. Ele, de pronto, e
argutamente, oferece-se à Abwehr
(serviço secreto alemão) para serviços de espionagem. Considerado seu curriculum
criminoso e seus conhecimentos, a Abwehr viu em Chapman um candidato ideal a
espião e o enviou para treinamento na França ocupada.
Após
o adestramento de um ano, Eddie foi lançado de paraquedas sobre a Inglaterra,
em Cambridgeshire, em 16 de dezembro de 1942, com o objetivo de atacar a
fábrica de aviões De Havilland, em Hertfordshire, que produzia o Mosquito,
bombardeiro muito temido pelas forças alemãs.
Mas,
Chapman em vez de desaparecer no submundo do crime como seus treinadores
alemães o orientou, ele prontamente se entregou à polícia e ao serviço secreto
inglês, o MI5, fazendo um relato de sua missão.
A
partir daí foi elaborado um plano de contraespionagem. O M15 produziu com um
batalhão de cenógrafos, engenheiros, técnicos em iluminação, cenários da
fabrica devastada por uma explosão. Material que, espalhado sobre a De
Havilland, causava a nítida impressão aos aviões de reconhecimento inimigos,
que ela havia sido duramente castigada, atingida por bombardeio ou ato
terrorista.
E
foi justamente o que ocorreu, quando um dos aviões de reconhecimento alemão, a
serviço da Abwehr, com fotografias do local, mostrou a fábrica inoperante,
graças ao espião saído daquele serviço secreto, que, de imediato, ganhou o
melhor conceito entre todos os demais abrigados na espionagem alemã. Tanto
assim, que tão logo retornou a Alemanha, por obra e graça do M15 inglês para
ser um contra espião das forças aliadas em território alemão, foi condecorado
com a Grã Cruz de Ferro, pelo 3º Reich. Por sinal, o único estrangeiro a
conseguir tal proeza na história militar alemã.
Esse
episódio é real. Considerado o mais espetacular feito da contraespionagem
inglesa (M15), jamais descoberto, cujo coadjuvante, Eddie Chapman teve papel
relevante, o que lhe valeu vida mansa até o fim de seus dias, após o término da
guerra mundial. Vida contada nos livros que publicou e nos que publicaram sobre
ele: The Eddie Chapman Story (1953), Free Agent: as
aventuras de Eddie Chapman (1955) e The Real Eddie Chapman
Story ( 1966). Sua história também foi contada
em dois livros
publicados
em 2007, Zigzag - As incríveis Wartime Exploits de Double Agent Eddie
Chapman por Nicholas Booth, e Agent Zigzag: The True Story of
Wartime Eddie Chapman, amante, Betrayer, Hero, Spy, por Ben Macintyre.
Arquivos
do MI5 sobre Chapman foram liberados para o Arquivo Nacional, em 2001, após a
sua morte, em 1997, e pode ser visto por qualquer pessoa com um passe do Arquivos
Nacionais dos leitores.
Fascinante e envolvente. Mesmo considerando o seu passado, no fundo Eddie tinha um bom coração e esteve, direta e indiretamente, ligado a muitas vidas salvas.
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