quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

EDDIE CHAPMAN – AGENTE ZIGUE-ZAGUE

 Contraespionagem na 2ª Grande Guerra, um feito extraordinário

Eddie Chapman: de bandido a herói

Eddie era um criminoso profissional nos anos que antecederam a 2ª Grande Guerra. Era membro de uma gangue, e se especializou em roubar cofres utilizando explosivos.
A sua habilidade como ladrão permitiu-lhe guardar bastante dinheiro e viver uma vida de rico playboy no Soho, Londres, misturando-se com os gostos de Noel Coward e Marlene Dietrich.



DE AGENTE SECRETO ALEMÃO PARA AGENTE DUPLO

Em 1939, caçado pela Scotland Yard foge para Jersey. Malgrado seus esforços para fugir dos rigores da lei, é preso pela polícia local e condenado a dois anos de prisão, acrescido de mais um por tentativa de fuga.
Os alemães, ao invadirem as ilhas do canal, encontraram-no na prisão. Ele, de pronto, e argutamente, oferece-se à Abwehr (serviço secreto alemão) para serviços de espionagem. Considerado seu curriculum criminoso e seus conhecimentos, a Abwehr viu em Chapman um candidato ideal a espião e o enviou para treinamento na França ocupada.


Após o adestramento de um ano, Eddie foi lançado de paraquedas sobre a Inglaterra, em Cambridgeshire, em 16 de dezembro de 1942, com o objetivo de atacar a fábrica de aviões De Havilland, em Hertfordshire, que produzia o Mosquito, bombardeiro muito temido pelas forças alemãs.
Mas, Chapman em vez de desaparecer no submundo do crime como seus treinadores alemães o orientou, ele prontamente se entregou à polícia e ao serviço secreto inglês, o MI5, fazendo um relato de sua missão.


A partir daí foi elaborado um plano de contraespionagem. O M15 produziu com um batalhão de cenógrafos, engenheiros, técnicos em iluminação, cenários da fabrica devastada por uma explosão. Material que, espalhado sobre a De Havilland, causava a nítida impressão aos aviões de reconhecimento inimigos, que ela havia sido duramente castigada, atingida por bombardeio ou ato terrorista.
E foi justamente o que ocorreu, quando um dos aviões de reconhecimento alemão, a serviço da Abwehr, com fotografias do local, mostrou a fábrica inoperante, graças ao espião saído daquele serviço secreto, que, de imediato, ganhou o melhor conceito entre todos os demais abrigados na espionagem alemã. Tanto assim, que tão logo retornou a Alemanha, por obra e graça do M15 inglês para ser um contra espião das forças aliadas em território alemão, foi condecorado com a Grã Cruz de Ferro, pelo 3º Reich. Por sinal, o único estrangeiro a conseguir tal proeza na história militar alemã.


Esse episódio é real. Considerado o mais espetacular feito da contraespionagem inglesa (M15), jamais descoberto, cujo coadjuvante, Eddie Chapman teve papel relevante, o que lhe valeu vida mansa até o fim de seus dias, após o término da guerra mundial. Vida contada nos livros que publicou e nos que publicaram sobre ele: The Eddie Chapman Story (1953), Free Agent: as aventuras de Eddie Chapman (1955) e The Real Eddie Chapman Story ( 1966). Sua história também foi contada em dois livros


publicados em 2007, Zigzag - As incríveis Wartime Exploits de Double Agent Eddie Chapman por Nicholas Booth, e Agent Zigzag: The True Story of Wartime Eddie Chapman, amante, Betrayer, Hero, Spy, por Ben Macintyre.

Arquivos do MI5 sobre Chapman foram liberados para o Arquivo Nacional, em 2001, após a sua morte, em 1997, e pode ser visto por qualquer pessoa com um passe do Arquivos Nacionais dos leitores.

Um comentário:

  1. Fascinante e envolvente. Mesmo considerando o seu passado, no fundo Eddie tinha um bom coração e esteve, direta e indiretamente, ligado a muitas vidas salvas.

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