Você
acorda, e uma das primeiras coisas que vêm à sua cabeça são os versos "Like a virgin... touched for the very first time..." (É de enlouquecer!)
Chegando ao trabalho, você senta diante do computador e, quando percebe,
está cantarolando de novo a mesma canção da Madonna.
A maioria das pessoas fica, em algum momento, com alguma música na
cabeça. O fenômeno é sem dúvida
irritante, mas a sensação é ainda pior se a música "grudenta" não for
do seu agrado.
Como tirá-la da
cabeça? Segundo um novo estudo da Universidade de Reading (Inglaterra), há um
método simples: mascar chiclete depois
de ouvir a canção pegajosa.
Os autores da pesquisa afirmam que o ato nos faz pensar na música com
menor frequência.
Mandíbulas em ação
Segundo Phil Beaman, professor da Escola de Psicologia e Ciências da
Linguagem da Universidade de Reading e autor principal do estudo, o ato de
mover a mandíbula interfere com a memória de curto prazo e com a imaginação de
sons.
"Quando você tenta lembrar uma canção, usa muitos dos mesmos
mecanismos que usaria para se preparar para falar e cantar. E, se você está
mascando chiclete, acaba usando esses mesmos sistemas para planejar os
movimentos de suas mandíbulas", explica Beaman.
"Ao forçar essas regiões a permanecerem ativas durante o ato de
mascar chiclete, elas ficam menos disponíveis para ajudar na geração ou na
recordação de uma melodia grudenta."
O cientista destaca
que o fenômeno da "canção pegajosa" é observado há séculos e mereceu
referências em obras de escritores clássicos da língua inglesa, como Mark Twain
e Edgar Allan Poe.
Ele realizou um experimento com 98 voluntários, que
escutaram as canções Play Hard, de David
Guetta, e Payphone, de Maroon 5.
Depois, os cientistas pediram aos voluntários que nos três minutos
seguintes evitassem pensar nas canções que haviam escutado. Mas que, caso
pensassem nelas, batessem em uma tecla.
Os que mascavam chiclete disseram ouvir e pensar nas melodias escutadas
com frequência três vezes menor.
No experimento, cientista tocou canção do Maroon 5
e pediu que voluntários avisassem cada vez que se lembrassem dela
"Suponho que o efeito será similar se você mastigar o chiclete no
momento em que escutar a canção", afirma Beaman.
E outras ações semelhantes que envolvam movimentos da mandíbula e da
língua, como comer e falar, também podem ter resultado semelhante.
Pensamentos intrusivos
Além de conter as músicas "grudentas", os pesquisadores
investigam se o estudo pode abrir caminho para métodos que ajudem a controlar
pensamentos involuntários - de consequências negativas - em pessoas com
transtornos psiquiátricos.
"Interferir com o nosso 'discurso anterior' através de uma versão
mais sofisticada do que o ato de mascar chiclete pode funcionar em um sentido mais
amplo", diz Beaman.
Mas o cientista explica que ainda são necessários mais estudos para
avaliar se essas metodologias podem ser úteis para conter sintomas de condutas
obsessivo-compulsivas ou distúrbios similares
A pesquisa de
Reading cita enquetes em que mais de 90% das pessoas consultadas disseram ficar
com uma música "grudada" na cabeça pelo menos uma vez por semana.
Um estudo anterior,
conduzido pela Universidade Western Washington, nos EUA,
sugere outra forma de esquecer as canções pegajosas: resolver anagramas complexos ou ler um romance.
As atividades,
dizem os autores do estudo, podem ajudar a expulsar a música intrusa da
memória, substituindo-a por pensamentos mais agradáveis.
O problema argumenta Beaman, é que é preciso calibrar a dificuldade do
anagrama: se ele for muito complexo, nossa mente pode se distrair e voltar à
canção. Se ele for muito simples, pode não ser suficiente para fazer a mente se
concentrar.
Outras sugestões
(que não estão comprovadas cientificamente) compiladas pela psicóloga britânica
(e estudiosa do fenômeno) Vicky Williamson são escutar outras músicas ou sair
para uma corrida.
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