Nem o esporte escapa à sanha desses predadores
O
vice-presidente da CBF, José Maria Marin, e outros seis dirigentes da Fifa
foram presos na manhã desta quarta-feira em um hotel em Zurique, na Suíça, sob
acusações de corrupção.
A polícia suíça efetuou as prisões a pedido da
Justiça americana, onde corre um processo sobre corrupção na organização.
Marin foi visto deixando o hotel entre os detidos,
acompanhado de policiais que carregavam sua mala e seus pertences em uma sacola
plástica.
O vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb, que é
presidente da Concacaf (Confederação de
Futebol da América do Norte, Central e Caribe), também está entre os detidos.
Eles podem ser extraditados para os Estados Unidos.
Em nota, o Departamento de Justiça americano
informou ter indiciado 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao
futebol.
O grupo é acusado de armar um esquema de corrupção
com propinas de pelo menos US$ 150 milhões de dólares (mais de R$ 470 milhões),
que existe há pelo menos vinte e quatro anos.
Entre as acusações que os suspeitos enfrentam estão
lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica.
"O indiciamento sugere que a corrupção é
desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no exterior como aqui nos
Estados Unidos”, disse a procuradora-geral Loretta Lynch.
"Essa corrupção começou há pelo menos duas
gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições
de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina."
Mais brasileiros
Além de Marin, outros dois brasileiros estão
envolvidos nas investigações sobre corrupção na Fifa.
O mais conhecido deles é José Hawilla, dono da
Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina.
O Departamento de Justiça norte-americano revelou
que Hawilla assumiu a culpa em dezembro do ano passado por acusações de
extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.
O outro acusado é José Margulies, conhecido como
José Lázaro, proprietários de empresas de transmissão de eventos esportivos.
Copas de 2018 e 2022
Em outro desdobramento do caso, autoridades suíças
abriram uma investigação sobre como foram escolhidas as sedes para as próximas
duas Copas do Mundo.
Segundo a promotoria, o caso é "contra pessoas
suspeitas de gestão criminosa de verbas e lavagem de dinheiro, ligadas à
distribuição de verbas para as Copas de 2018 e 2022".
Em entrevista coletiva na manhã da quarta-feira, a
Fifa disse que não há alteração nos planos de realizar as Copas de 2018 na
Rússia e de 2022 no Catar.
Em nota, a organização disse que está
"colaborando plenamente" com as investigações na qualidade de
"parte lesada", e que "saúda ações que possam ajudar a
contribuir para eliminar práticas criminosas no futebol".
Prisões
Os dirigentes da Fifa estavam reunidos em Zurique
para o encontro anual da organização, marcado para sexta-feira, no qual o
presidente Sepp Blatter buscaria um quinto mandato. Blatter não estaria entre
os presos.
Estre os suspeitos estão (da esq. para a direita)
Jeffrey Webb, Eduardo Li, Eugenio Figueredo, José Maria Marin
Segundo o jornal The New York Times, policiais à paisana pegaram a
chave dos quartos dos suspeitos na recepção do hotel Baur au Lac e, sem alarde,
deram início às prisões.
Eduardo Li, da Costa Rica, e o uruguaio Eugenio
Figueredo, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol)
também teriam sido levados pelas autoridades. Li seria integrado ao comitê
executivo da Fifa nesta sexta-feira.
Outro nome confirmado posteriormente foi o de Jack
Warner, ex-vice-presidente da Fifa.
A BBC foi informada de que Ali Bin Al-Hussein,
príncipe da Jordânia e rival de Blatter na disputa pela presidência da Fifa,
vai se reunir com seus conselheiros ainda nesta quarta-feira para discutir o
impacto das prisões na eleição.
No início do mês, Blatter disse estar ciente que
alguns de seus ex-colegas estavam sendo investigados.
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