Aeronáutica: curiosidade
Stephen DowlingDa BBC Future
É uma manobra que
muita gente pensava ser impossível: um avião decola da maneira usual e,
repentinamente, começa a subir quase que na vertical.
A sequência foi filmada enquanto a tripulação de um Boeing 787-9 Dreamliner, um dos aviões mais novos da frota de gigantes
da empresa americana, treinava para uma exibição no Show Aéreo de Paris, que
ocorre esta semana.
O vídeo rapidamente se tornou viral. Afinal, não é bem o tipo de
decolagem que se vê nos aeroportos do mundo.
A subida abrupta e acentuada cria uma enorme quantidade de arrasto
porque o avião está a uma posição menos aerodinâmica conforme se move para a
frente. Isso torna a aeronave mais lenta e a leva mais perto do ponto em que
pode simplesmente não conseguir mais subir e acabar despencando, o que é conhecido
na aviação como "stall".
Façanha militar
Manobra
foi filmada quando pilotos ensaiavam para apresentação em salão aéreo
Como é possível, então, que um avião tão grande permaneça no céu em um
ângulo tão radical?
A resposta está nas duas gigantescas turbinas GEnx-1B da General
Electric suspensas sob as asas.
Todas as aeronaves com mais de uma turbina têm de ser capazes de decolar
com menos potência do que a máxima. Se um avião possui duas turbinas, ele
precisa conseguir subir com apenas uma; se tiver quatro, deve poder sair do
chão com a força de apenas três.
No caso do 787, ter ambas as turbinas funcionando normalmente significa
que havia bastante potência extra para ser utilizada caso houvesse necessidade.
O fato de não estar carregando passageiros ou carga também ajudou.
Uma manobra dessas na decolagem pode não fazer o piloto ganhar muita
simpatia entre os passageiros, mas é o tipo de façanha que os frequentadores de
um salão aéreo gostam de assistir.
No passado, um P-8 Poseidon da Marinha americana –
um avião de patrulha baseado no Boeing 737, já realizou uma acrobacia
semelhante em outro show aéreo.
Jatos militares, projetados para voarem a uma velocidade supersônica e
aguentarem manobras mais arriscadas, são ainda mais capazes de realizar uma decolagem
abrupta.
Alguns caças 'interceptadores', desenhados para subir aos céus
rapidamente, podem atingir um ângulo extremamente íngreme.
O interceptador BAC Lightning, da Força Aérea
britânica, utilizado do fim dos anos 50 até o fim da década de 80, ficou famoso
por conseguir decolar praticamente na vertical. Tanto que seus pilotos
costumavam dizer que conduzir esse avião era o mesmo que "estar amarrado a
um foguete".
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