terça-feira, 17 de novembro de 2015

A VIDA SOCIAL E OS CUSTOS DO PALÁCIO DE VERSALHES – PARIS, FRANÇA

História: a vida social no Palácio de Versalhes





O Palácio de Versalhes tornou-se a casa da nobreza francesa e a sede da Corte Real, tornando-se assim o centro do Governo Francês. O próprio Luís XIV viveu ali, e simbolicamente a sala central da extensa faixa de edifícios era o quarto de dormir do Rei (La Chambre du Roi), o qual era, ele próprio, centrado na luxuosa e simbólica cama de estado, colocada entre um rico corrimão, não diferente das cercas dos altares. Todo o poder da França emanava deste centro: ali existiam gabinetes governamentais, tais como as casas de milhares de cortesãos, dos seus acompanhantes e dos funcionários da Corte.


Em vários períodos antes de Luís XIV estabelecer o seu governo absoluto, a França, tal como o Sacro Império Romano-Germânico, careceu de uma autoridade central e não era o estado unificado em que se tornaria nos séculos seguintes. Durante a Idade Média alguns nobres locais eram, por vezes, mais poderosos que o Rei da França e, apesar de tecnicamente leais ao Rei, possuíam os seus próprios locais provinciais de poder e governo. Culturalmente tinham influentes Cortes e exércitos leais a eles, não ao Rei, e o direito de cobrar as suas próprias taxas (impostos) aos seus súbditos. Algumas famílias foram tão poderosas que atingiram proeminência internacional contraindo alianças por casamento com Casas Reais estrangeiras para alcançar as suas próprias ambições políticas. Os monarcas, apesar de nominalmente serem Reis da Françade fato o poder Real, por vezes, limitou-se puramente à região em volta de Paris.


No Palácio também ocorre anualmente à festa da Ordem Soberana e Militar de Malta, onde os cavaleiros franceses da Ordem se reúnem no dia 24 de Junhodia de São João Batista, padroeiro da mesma.
Etiqueta real


O convívio social da nobreza nos jardins


Versalhes em 1772
A vida na Corte era estritamente regulada pela etiqueta. A etiqueta tornou-se o meio de progresso social para a Corte. Luís XIV elaborou regras de etiqueta que incluíam o seguinte:


1.     As pessoas que queriam falar com o rei não podiam bater à sua porta. Em vez disso, usando o dedo mindinho da mão esquerda, tinham que arranhar suavemente a porta, até que lhes fosse dada permissão para entrar. Como resultado, muitos cortesãos deixaram crescer mais as suas unhas que outros.
2.     Uma dama nunca segura às mãos ou abraça um cavalheiro. Além de ser de mau gosto, esta prática seria impossível devido às largas saias que as rodeavam. Em vez disso, punha a mão no topo do cotovelo do cavalheiro quando passeavam pelos jardins e salas de Versalhes. Também era mencionado que às damas só era permitido tocar nas pontas dos dedos com os homens.


3.     Quando um cavalheiro se senta, desliza o seu pé esquerdo em frente do outro, pousa as mãos dos lados da cadeira e suavemente desce para a cadeira. Havia
4.      uma razão muito prática para este procedimento. Se um cavalheiro se sentasse rapidamente, as suas calças apertadas poderiam rasgar.
5.     As mulheres e os homens não tinham permissão para cruzar as pernas em público.
6.     Quando um cavalheiro passava por um conhecido na rua, tinha que tirar o chapéu da cabeça até que a outra pessoa passasse.
7.     Um cavalheiro não tinha que fazer outro trabalho além de escrever cartas, discursar, praticar esgrima ou dança. Como desportos, podia praticar tiro com arco, ténis e caça. Um cavalheiro também podia tomar parte em batalhas e por vezes servir como oficial, sendo responsável pelas despesas com o pagamento dos soldados.
8.     Os vestidos das damas não deviam permitir muito mais que sentar e caminhar. De qualquer forma, elas passavam o tempo costurando, bordando, escrevendo cartas, pintando, fazendo as suas próprias rendas e criando os seus próprios cosméticos e perfumes.


Versalhes era grande, luxuoso e tinha uma manutenção dispendiosa. Tem sido estimado que a conservação e manutenção, incluindo o cuidado e alimentação do quadro de funcionários e da família real, consumiam algo como 25 por cento do rendimento da França. Apesar de à primeira vista isto parecer extraordinariamente elevado, o Palácio de Versalhes era o centro do governo tal como a residência real. No entanto, o valor de 25 por cento tem sido disputado por alguns historiadores que acreditam que o número é inflacionado por aqueles que querem exagerar a lista das extravagâncias reais como causa para a Revolução Francesa. Estimativas recentes sugerem um número próximo dos 6 por cento, nunca mais que isso, enquanto na maioria dos anos, o custo não ultrapassaria 1 por cento.


Littell e Mifflin (2001) lançam o valor de aproximadamente 2 bilhões de dólares americanos (1994). Este valor é tido por muitos como uma grosseira subestimação. Registos governamentais sobreviventes do período em causa mencionam 65 milhões de libras de ouro (antiga moeda francesa). Não é claro se essas libras de ouro se referem à moeda corrente ou aos luíses de ouro (uma moeda de ouro avaliada em 24 libras). Se formos precisos, usando os valores atuais do ouro (600 dólares americanos por onça, em 2006) e da prata (12 dólares americanos por onça, em 2006), o valor da propriedade de Versalhes eleva-se a uns espantosos 13 a 300 bilhões de dólares americanos.





Outra via para olhar esta controvérsia sobre os custos de Versalhes, é considerar os benefícios que a França obteve deste palácio Real. Versalhes, ao fechar os nobres numa jaula dourada, efetivamente terminou os periódicos grupos aristocráticos e rebeliões que atormentaram a França durante séculos. Também destruiu o poder aristocrático nas províncias e permitiu a centralização do Estado, pelo qual uma


maioria dos franceses modernos ainda agradecem a Luís XIV, embora a centralização francesa desenvolvida durante a Revolução Francesa, e mais tarde durante a Terceira República, ser atualmente motivo de muito debate e revisões. Versalhes também teve uma tremenda influência na arquitetura e artes francesas e, de fato, na arquitetura e artes de toda a Europa, uma vez que os gostos da Corte e a cultura elaborada em Versalhes influenciaram a maior parte do continente, quiçá o mundo.











Entre 1661 e 1663 já haviam sido gastos mais de 1 500 000 libras com o palácio. Até a morte do Rei Sol foram gastos no Palácio de Versalhes, parque, instalações e


manutenção 300 milhões de libras. Cinquenta a sessenta milhões apenas para o mobiliário e dois milhões para a construção do seu canal.

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