História: a vida social no Palácio de
Versalhes
Em
vários períodos antes de Luís XIV estabelecer o seu governo absoluto, a França,
tal como o Sacro Império Romano-Germânico, careceu de uma autoridade central e não era o estado
unificado em que se tornaria nos séculos seguintes. Durante a Idade Média alguns
nobres locais eram, por vezes, mais poderosos que o Rei da França e, apesar de tecnicamente leais ao Rei,
possuíam os seus próprios locais provinciais de poder e governo. Culturalmente
tinham influentes Cortes e exércitos leais a eles, não ao Rei, e o direito de
cobrar as suas próprias taxas (impostos) aos seus súbditos. Algumas famílias foram
tão poderosas que atingiram proeminência internacional contraindo alianças por
casamento com Casas Reais estrangeiras para alcançar as suas próprias ambições
políticas. Os monarcas, apesar de nominalmente serem Reis da França, de fato o poder Real, por vezes, limitou-se puramente
à região em volta de Paris.
No
Palácio também ocorre anualmente à festa da Ordem Soberana e Militar de Malta, onde os cavaleiros franceses da Ordem se reúnem
no dia 24 de Junho, dia de São João Batista, padroeiro da mesma.
Etiqueta real
O convívio social da nobreza nos
jardins
Versalhes em 1772
A vida
na Corte era estritamente regulada pela etiqueta. A etiqueta tornou-se o meio
de progresso social para a Corte. Luís XIV elaborou regras de etiqueta que
incluíam o seguinte:
1.
As
pessoas que queriam falar com o rei não podiam bater à sua porta. Em vez disso,
usando o dedo mindinho da mão esquerda, tinham que arranhar suavemente a porta,
até que lhes fosse dada permissão para entrar. Como resultado, muitos cortesãos
deixaram crescer mais as suas unhas que outros.
2.
Uma
dama nunca segura às mãos ou abraça um cavalheiro. Além de ser de mau gosto,
esta prática seria impossível devido às largas saias que as rodeavam. Em vez
disso, punha a mão no topo do cotovelo do cavalheiro quando passeavam pelos
jardins e salas de Versalhes. Também era mencionado que às damas só era
permitido tocar nas pontas dos dedos com os homens.
3.
Quando
um cavalheiro se senta, desliza o seu pé esquerdo em frente do outro, pousa as
mãos dos lados da cadeira e suavemente desce para a cadeira. Havia
4.
uma razão muito prática para este
procedimento. Se um cavalheiro se sentasse rapidamente, as suas calças
apertadas poderiam rasgar.
5.
As
mulheres e os homens não tinham permissão para cruzar as pernas em público.
6.
Quando
um cavalheiro passava por um conhecido na rua, tinha que tirar o chapéu da
cabeça até que a outra pessoa passasse.
7.
Um
cavalheiro não tinha que fazer outro trabalho além de escrever cartas,
discursar, praticar esgrima ou dança. Como desportos, podia praticar tiro com
arco, ténis e caça. Um cavalheiro também podia tomar parte em batalhas e por
vezes servir como oficial, sendo responsável pelas despesas com o pagamento dos
soldados.
8.
Os
vestidos das damas não deviam permitir muito mais que sentar e caminhar. De
qualquer forma, elas passavam o tempo costurando, bordando, escrevendo cartas,
pintando, fazendo as suas próprias rendas e criando os seus próprios cosméticos
e perfumes.
Versalhes era grande, luxuoso e tinha uma
manutenção dispendiosa. Tem
sido estimado que a conservação e manutenção, incluindo o cuidado e alimentação
do quadro de funcionários e da família real, consumiam algo como 25 por cento
do rendimento da França. Apesar de à primeira vista isto parecer
extraordinariamente elevado, o Palácio de Versalhes era o centro do governo tal
como a residência real. No entanto, o valor de 25 por cento tem sido disputado
por alguns historiadores que acreditam que o número é inflacionado por aqueles
que querem exagerar a lista das extravagâncias reais como causa para a Revolução Francesa. Estimativas recentes sugerem um número
próximo dos 6 por cento, nunca mais que isso, enquanto na maioria dos anos, o
custo não ultrapassaria 1 por cento.
Littell
e Mifflin (2001) lançam o valor de aproximadamente 2 bilhões de dólares
americanos (1994). Este valor é tido por muitos como uma
grosseira subestimação. Registos governamentais sobreviventes do período em
causa mencionam 65 milhões de libras de
ouro (antiga moeda francesa). Não é claro se essas libras de ouro se referem à
moeda corrente ou aos luíses de
ouro (uma moeda de ouro avaliada em 24 libras). Se formos precisos, usando os
valores atuais do ouro (600 dólares americanos por onça, em 2006) e da prata
(12 dólares americanos por onça, em 2006), o valor da propriedade de Versalhes
eleva-se a uns espantosos 13 a 300 bilhões de dólares americanos.
Outra
via para olhar esta controvérsia sobre os custos de Versalhes, é considerar os
benefícios que a França obteve deste palácio Real. Versalhes, ao fechar os
nobres numa jaula dourada, efetivamente terminou os periódicos grupos
aristocráticos e rebeliões que atormentaram a França durante
séculos. Também destruiu o poder aristocrático nas províncias e permitiu a
centralização do Estado, pelo qual uma
maioria
dos franceses modernos ainda agradecem a Luís XIV, embora a centralização
francesa desenvolvida durante a Revolução Francesa, e mais tarde durante a Terceira República, ser atualmente motivo de muito debate e
revisões. Versalhes também teve uma tremenda influência na arquitetura e artes
francesas e, de fato, na arquitetura e artes de toda a Europa, uma
vez que os gostos da Corte e a cultura elaborada em Versalhes influenciaram a
maior parte do continente, quiçá o mundo.
Entre
1661 e 1663 já haviam sido gastos mais de 1 500 000 libras com o
palácio. Até a morte do Rei Sol foram gastos no Palácio de Versalhes, parque,
instalações e
manutenção
300 milhões de libras. Cinquenta a sessenta milhões apenas para o mobiliário e dois
milhões para a construção do seu canal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário