História; perseguição
ocorrida entre os séculos XV e XVIIII).
A verdade
nua e crua
A caça às bruxas foi uma
perseguição religiosa e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu
nos séculos XVI a XVIII principalmente em França, Inglaterra, Escócia, Império
Romànico, Suíça e em menor escala na Escandinávia, Península Ibérica, Itália e
Império Habsburgo. O
mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus
Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"),
de 1486.
No século XX a expressão
"caça-às-bruxas" ganhou conotação bem ampla, sua verdadeira conotação
se auto revelou se referindo a qualquer movimento político ou popular de
perseguição política-arbitrária, com o objetivo de Poder, muitas vezes calcadas no medo e no
preconceito submetiam a maioria, no que hoje poderíamos chamar de Terrorismo, como ocorreu, por exemplo, durante a guerra fria, em que os EUA perseguiam
toda e qualquer pessoa que julgassem ser comunista, seja por causa fundamentada e comprovada e/ou
não, por medo do Terrorismo.
Os períodos de fome e peste
do século XIV disseminaram a ideia de que
pessoas conspiravam contra os reinos cristãos.
No passado os historiadores consideraram a caça às
bruxas europeia como um ataque de histeria supersticiosa que teria sido
supostamente forjada e espelhada pela Igreja Católica. Seguindo essa lógica, era
"natural" supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da
igreja era maior, ou seja: antes de a Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em
segmentos conflitantes. Nessa visão, embora houvessem ocorrido também
julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados
aos supostos horrores medievais. As pesquisas recentes derrubaram essa teoria
de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o apogeu da histeria contra as bruxas ocorreu entre
1550 e 1650, pouco depois do nascimento da Reforma Protestante e em parte já no
início da celebrada "Idade da Razão" (séculos XVII e
XVIII).
As posturas tradicionais
começaram a mudar perto do fim da Idade Média. No início do século XIV, na
parte central da Europa, começaram a surgir rumores e pânico acerca de
conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através
de magia e
envenenamento; falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas. Os
judeus que por toda Idade Média tiveram liberdade de religião começaram a ser
vistos com desconfiança pela população. Depois da enorme devastação decorrente
da peste negra (que vitimou 1/3 da população europeia
em meados do século XIV) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em
bruxas e "propagadores de praga". Depois da Peste também se espalhou aquela ideia de que o banho frequente
desprotegia a pele e trazia doenças para o corpo através da água, que era
supostamente contaminada por conspiradores.
Casos de processo por
bruxaria foram aumentando lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros
julgamentos em massa apareceram na segunda metade do século XV. Ao surgirem as
primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chegou a
diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1550 com o fortalecimento dos estados
protestantes a perseguição cresce novamente, atingindo níveis alarmantes especialmente
em terras alemãs e suíças. Esse é o período mais histérico e sanguinário da
perseguição, que vai de 1550 a 1650. Depois desse período os julgamentos
diminuíram fortemente e desapareceram completamente em torno de 1700.
Queima de uma bruxa na fogueira
na localidade de Willisau, Suíça (em 1447).
Ulricus
Molitoris.
Virtualmente todas as
sociedades anteriores ao período moderno reconheciam o poder das bruxas e, em
função disso, formularam leis proibindo que crimes fossem cometidos através de
meios mágicos. O
período medieval não foi exceção, e podemos encontrar as caças às bruxas desde
o auge da civilização babilônica. Esta suspeita costumava recair sobre as
mulheres estrangeiras e suas estranhas práticas.
As posturas tradicionais começaram a mudar perto do
fim da Idade Média. Pouco depois de 1300, na Europa Central, começaram a surgir
rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir
os reinos cristãos através de magia e envenenamento. Falava-se de conspirações por
parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas.
Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população europeia entre
1347 e 1350) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em supostas
bruxas e "propagadores de praga".
Casos de processo por bruxaria foram aumentando
lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa
apareceram no Século XV.
Em 1484 foi lançado o livro ''Malleus Maleficarum'', pelos inquisidores Heinrich Kraemer e James Sprenger, livro este que inicialmente foi prontamente
recusado pelo bispo que o encomendou, tendo seus dois autores sido
posteriormente excomungados por continuarem publicando-o. Com 28 edições esse
volumoso manual define as práticas consideradas demoníacas. Ele se torna uma
espécie de bíblia da caça às bruxas e vai ter grande influência do outro lado
do Atlântico séculos depois sobre as comunidades puritanas nos Estados Unidos,
tendo sido utilizado no famoso caso das bruxas de Salém.
Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma
Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos.
Entretanto, em 1550 a perseguição cresce novamente, dessa vez atingindo níveis
alarmantes. Esse é o período mais sanguinário da história, que atingiu tanto
terras católicas como protestantes e durou de 1550 a 1650. Depois desse período
os julgamentos diminuíram fortemente e desapareceram completamente em torno de
1700.
As perseguições às bruxas na Suécia (häxprocesser) foram relativamente
reduzidas, tendo sido efetuadas principalmente no período de 8 anos, entre 1668
e 1676. [1] [2]
A partir de 1970 uma
mudança considerável ocorreu no estudo da caça às bruxas europeia, com a
tentativa de "filtrar" e fato político da perseguição a seitas
religiosas. Os historiadores passaram a se deter aos registros históricos dos
julgamentos, deixando de lado fontes não oficiais sobre o tema. Essa
metodologia trouxe mudanças significativas na visão acadêmica sobre o tema,
sugerindo-se agora, por exemplo, que o número de vítimas fatais não seria
superior a 100 mil pessoas, enquanto antes, considerando-se os relatos não
oficiais, as estimativas escalariam a casa de nove milhões. É, todavia,
postulado pela própria academia que na época da Inquisição Espanhola a Igreja
perdeu o controle sobre o que veio a se tornar uma verdadeira histeria
coletiva, com julgamentos e execuções realizadas à sua revelia por comunidades
locais.
Em função desta revisão histórica, passaram a ser
postuladas as seguintes ideias chave:
A "Caça às Bruxas" na Europa começou no
fim da Idade Média e foi uma questão de seitas e conotação
de processo religioso - político e social da Idade Moderna. A situação assumiu tamanha dimensão, também
devido às populações sofrerem frequentemente de maus anos agrícolas e de
epidemias, resultando elevada taxa de mortalidade, e dominadas pela superstição
e pelo medo. A maior parte das vítimas foram julgadas e executadas entre 1550 e
1650. A quantidade de julgamentos e a proporção entre homens e mulheres
condenados poderá variar consideravelmente de um local para o outro. Por outro
lado, 3/4 do continente europeu não presenciou nem um julgamento sequer. A maioria das vítimas foram julgadas e
executadas por tribunais seculares, sendo os tribunais locais, foram de longe
os mais intolerantes e cruéis. Por outro lado, as pessoas julgadas em
tribunais religiosos recebiam um melhor tratamento, tinham mais chances de
poderem ser inocentadas ou de receber punições mais brandas, o que se
denominava na época de Comissões da Verdade as inquisições, com base nos
Cânones.
O número total de
vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, e destes, cerca de 25% foram
homens. Mulheres estiveram
mais presentes que os homens, e também enquanto denunciantes, e não apenas como
vítimas.
Estudos recentes apontam
que muitas das vítimas da "Caça as Bruxas", bem como de muitos
"casos de indemnizados", teriam sido vítimas de uma intoxicação. O
agente causador era um fungo denominado
Claviceps purpurea, um
contaminante comum do centeio e
outros cereais. Este
fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcaloides da cravagem e, dependendo de suas estruturas químicas,
afetavam profundamente o sistema nervoso central. Os camponeses que comeram pão de centeio (o
pão das classes mais pobres) contaminado com o fungo eram envenenados e desenvolveram
a doença, atualmente denominada de ergotismo.
Em alguns casos, também se
verificou alegações falsas de prática de "bruxaria" e de estar
"possuído pelo demônio",
com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios ou como uma forma de
vingança.
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