Literatura: México
“Solitário,
sigo a sina de cursar o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) para um
dia quem sabe, obter o título da Síndrome do Esquecimento Precoce; porque, como
tem formado, fabricado sábios e gênios nas competentes linhas de produção das
Universidades atuais, as quais fui expulso pela minha ignorante estupidez!”
O México está localizado na
América do Norte; divisando ao Norte com os EUA; ao Sul com a Guatemala e
Belize e nos extremos laterais com os oceanos Pacífico e Atlântico. Fora esses
detalhes que só interessam a quem estuda Geografia, o que mais esse país de
grande dimensão territorial oferece aos que desejam conhecê-lo?
Caminhada para os cumes
Com a extensão
aproximada de 1.900.000 km². O clima é variado; com predomínio de secas intensas
da região central até o Norte, onde prevalece a aridez dos desertos de Chihuaua
e Sonora, os quais avançam para territórios americanos. Devido à variação de
altitude, que chega aos mais de 5.500 no pico mais alto, encontram-se baixas
temperaturas nas montanhas e altas temperaturas na região de praias.
Se perguntar para
qualquer viajante (principalmente os brasileiros) o que ele mais aprecia, ou
gostaria de conhecer no México, dispensando maiores pesquisas e de bate-pronto,
Cancun será a resposta; pois em todos os pacotes de viagem para o país dos
homens de chapéus de aba larga, a praia é o atrativo principal. No entanto, o
país oferece muito mais que praias.
Partindo de Cancun,
espalhadas por vários estados do Sul, crateras (salões arqueológicos) foram
abertas pela Natureza há muitas centenas de anos, originando os Cenotes, nome
herdado dos Maias; civilização que embora tenha plantado raízes na cidade
arqueológica de Tikal, estado de Flores, Norte da Guatemala, também habitaram
àquelas paragens.
Contando com excelente
infraestrutura para lazer, os Cenotes são extensas áreas verdes transformadas
em balneários, e para chegar-se à superfície da água, os banhistas ou
visitantes descem por muitos lances de escadas, que variam conforme a diferença
de nível entre a superfície do solo e o nível da água.
Ao longo dos anos, vagarosamente,
muito lentamente, a superfície das rochas desfaz-se em pó; que em contato com o
merejamento d`água, cristaliza, formando emaranhados cachos pontiagudos de
estalactites.
São quatro tipos de
Cenotes: parecendo laranja cortada na parte superior, os abertos à superfície;
com pequenas gretas luminosas, os parcialmente abertos; os parcialmente
subterrâneos e os totalmente subterrâneos. Esses últimos lembram bastante as
locas e esconderijos dos personagens em miniatura do Senhor dos Anéis, livro do
RR Tolkien; pois, os corredores de aceso ao poços são baixos e estreitos.
Aberto à superfície do solo
Em cada um deles, a
Natureza tratou de picotar com o cinzel da sutileza as diferentes formações
rochosas. Os trabalhos naturais são marcados pelas inúmeras peculiaridades de
formatos geométricos das “locas”; diferentes formações rochosas e o espetáculo
inebriante das águas, que variam do verde ao azulado. Conforme o horário do dia
e a luminosidade incidente, admiravelmente, as cores aquáticas alteram a
paisagem do ambiente para cenários além-imaginação. Difícil reprodução por mãos
humanas.
Totalmente subterrâneo
Entrar numa “Atlântida”
dessas para desfrutar de suas belezas, banhar em suas águas, energizar a mente,
o corpo e alma por horas incertas, deve ter sido o sentimento dos Maias ao
descobri-los. Os salões rochosos são tão belos, necessários aos olhos e frescor
para o espírito, que por não conhecê-los, as fantasias de Narciso juntamente
com a beleza de Adonis, tornaram-se feias. Pois, às vezes, o belo é impressão
dos olhos; subjetividade do que é visto; assombro da mente, óbvio que este
ensaio poético/filosófico não se aplica aos Cenotes; afinal, cada um representa
uma maravilha perdida no tempo.
Outra parada obrigatória
é para visitar o sitio arqueológico Chichén Itzá que está situado no estado de
Yucatán e distante aproximadamente 100 km do mar caribenho. Nos idos 1000 d.C.,
estima-se que a decadência de Tikal abrira espaço para a construção daquele
novo centro da cultura Maia. Todavia, diante daquelas robustas fortalezas de
pedras, os mistérios da humanidade tornam-se minúsculos e não explicados pelas
supostas verdades em anos vindouros. A priori, a ciência nada pode dizer sobre
aquilo que ocorrera ainda nos idos embrionários da humanidade. Praticamente
intactas, de certo mesmo, apenas que as construções estão lá para ser vistas,
admiradas e para os mais achegados às criações humanas, passaporte imaginário
para uma era que jamais acontecerá novamente na história.
As lendas sobre o lugar
sagrado são muitas e rezam que a civilização era formada por povos prósperos
que trabalhavam arduamente à terra, para posteriormente, comercializarem seus
produtos com outros mercadores do Golfo; com isto, a região cresceu
economicamente, chegando a ser considerada a mais desenvolvida do país.
Trabalhando gregariamente, as obras se espalham pela cidade e em cada ponto,
amontoados de pedras sobre pedras denotam o esforço daquele povo para edificar
os projetos idealizados.
O templo de Kukulcán
está geometricamente localizado no centro de Chichén Itzá. O monumento possui
altura de 30 m, sendo 26 m de base piramidal e os 4 m que perfazem o topo,
considerado templo. Cada lado de pirâmide possui uma escadaria com exatos 91
degraus até o nível mais elevado. Multiplicando-se 4 vezes 91, tem-se 364
degraus. Isoladamente, um degrau está na entrada do templo. Os 365 degraus,
representam os 365 dias do calendário Maia. Fazendo jus ao soberbo trabalho
desses povos, Chichén Itzá é uma das Sete Maravilhas do Mundo.
Importante salientar que os projetos
geométricos e as implantações construtivas da civilização Maia, são totalmente
diferentes e únicos em relação aos Astecas, povos que fincaram raízes na região
central, (cidade do México) levando a suposição que não havia nenhuma ligação
entre eles.
Na região Sul predomina
a vegetação arbustiva de porte-médio, cobrindo a rasteira. Devido à alta
umidade relativa do ar, o clima é ameno em determinada estação do ano e
relativamente frio no inverno. Cercado por corredores montanhosos nas laterais
e um “corte transversal” nas imediações da cidade Oaxaca, um platô leva à
região central e parte do Norte do país. Na região central, destaca-se a cidade
do México, capital do país; a qual será dedicada um artigo completo.
Norte: contando com
estados de grandes superfícies e pequenas cidades como capitais, essa é a
região de menor densidade demográfica. As escassas oportunidades de
sobrevivência fazem daquelas terras de homens sérios e carrancudos, de palavras
curtas e grossas; usuários de botas, cujo bico fino chega medir seis
centímetros a mais que os dedos e desertos quase que totalmente inóspitos. No
entanto, ao longo das retilíneas e planas rodovias, um céu esplendidamente
azulado é observado por um sol irradiante e solitário, que viaja quilômetros e
quilômetros cercados por morros nas laterais, sem ser molestado por um ínfimo
fio de algodão em forma de nuvem.
Pálidas paisagens;
pequenas e baixas elevações escarpadas; baixíssimo índice pluviométrico; aridez
quase que absoluta; escassos rasgos de água nos rasos vales; pés de palma, que
heroicamente armazenam água para continuar sua teimosia de viver; mineradoras
que cavucam as riquezas que ainda restam; caminhões e carretas disputando palmo
a palmo o espaço nas isoladas rodovias; vez para outras, fortes ventanias
levantando poeira em redemoinhos adoidados que parecendo grandes cones
acinzentados, tafuiam-se vorazmente no horizonte ao longe, compõem o cenário. E
não obstante, o deserto é sombra insolente que ofusca as vistas daqueles que
insistem em conviver com ele. Ademais, talvez seja por isto que em suas
“amargas terras”, sobrevivam somente os homens de mentes resignadas e corpos
cascudos; pois, o uso de sombreiros nas cabeças é mera identificação com as
origens de eras passadas e nada mais.
É naquela região que o
narcotráfico escolheu fazer residência. Disparadamente, essa é a pior sombra
afrontadora do deserto mexicano. Entretanto, mesmo não estando visível em
qualquer praça, em qualquer cidade, em qualquer esquina, os mexicanos estão
sempre em alerta e alertando os aliados sobre os perigos que os cercam.
Sobretudo, quando o assunto é a defesa dos interesses da maioria, os estranhos
de fisionomia, “chapeludos do bem”, são bastante humanos e generosos. E apesar
das caras amarradas, de toda amargura, as quais a Natureza lhes proporciona
rotineiramente, unirem-se na comunicação do perigo sem alarde e espanto, é o
que mais lhes importam na relação humana. Agradeço pela receptividade e
hospitalidade, mexicanos!
"!Que vaya bien y Dios te
bendiga, señor!"
P.S: Devido à diversidade de atrativos
culturais, artísticos e históricos, dedicarei um ou dois artigos à região
central.
Fotos pertencentes ao autor do artigo
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