Publicado por Fernando Pereira,
“é estudante de
Filosofia.”
A análise a seguir é uma
leitura alternativa sobre três obras cinematográficas, essas; Under The Skin –
Jonathan Glazer - (2013); A Bruxa – Robert Eggers - (2016); Melancolia – Lars
von Trier - (2011). Cada qual com sua peculiaridade que ultrapassa análises
simples. Vejamos.
Por vezes quando
assistimos uma obra devemos notar que ela não diz diretamente a questão que é
tratada. Mostrarei algumas delas a seguir.
Under The Skin – Jonathan Glazer - (2013)
poderia ser muito bem uma obra qualquer que trata de uma invasão alienígena que
captura homens para o abate, experiências etc, mas não, a protagonista Laura
(Scarlett Johansson), sai a procura de presas, até então isso no longa é
explorado como que aos poucos, nada é revelado de uma vez, sabemos com o tempo
que se trata de uma caça, e esses homens são presos em uma espécie de local
onde supostamente servirão de algum tipo alimento para esses seres. Esse é o
mote principal, mas o que nos escapa é que Laura não é um alienígena num modo
clássico, sabemos que ela não é humana em sua totalidade, pois não tem
sentimentos quando enfrenta seu trabalho de capturar homens, ela é de fato
prisioneira de seu corpo, e faz o que podemos chamar de costumes sem
criticidade, mas em algum momento ela percebe isso, a princípio quando Laura
poupa uma de suas vítimas, não leva até o fim, quando faz isso olha no espelho
[literalmente] e percebe o quanto se parece com suas vítimas, desse momento em
diante ela começa a ter consciência de tudo o que faz. Ela está presa em seu
corpo, mas ainda não sabe qual sua verdadeira essência, sua identidade está
submersa sob uma pele aparente, e talvez aqui a parte do filme pessimista, ela
descobre sua essência quando sofre os males da sociedade, e no fim morre, mas
descobre sua identidade, infelizmente tarde. Podemos ver que o filme se trata
de uma alegoria do descobrimento da identidade do personagem, do humano
submerso e escondido pela dura não aceitação do mesmo pela sociedade.
A Bruxa – Robert Eggers - (2016) também se
trata de uma alegoria, de uma batalha entre o conhecimento e a ignorância. A
bruxa que tanto pelo título quanto pela citação de que há uma bruxa no filme,
ela é aquilo que é destoante da sociedade, o que foge da religiosidade é
considerado pagão, Thomasin (Anya Taylor-Joy) a protagonista do filme perde um
bebê, seu irmão, daí começa a pautar a suspeita de sua família de que há uma
bruxa no bosque onde acabaram de se mudar, uma família extremamente religiosa
do séc. XVII, nesse tempo pela Europa até o séc. XVIII existiu a caça às
bruxas, porém fique entendido que se trata de era caça a tudo aquilo que é
destoante da civilização Cristã e seus costumes. Thomasin luta até o fim contra
a ignorância de seu tempo e é feita de prisioneira de sua própria família. Aqui
está um otimismo, ela consegue se livrar de toda ignorância reinante [sua
família, representando a sociedade de época], e se ascende aos céus com seus
pares. Ela encontra outras bruxas que estão em um ritual, um ritual do
conhecimento?
Por último o longa Melancolia – Lars von
Trier: - (2011) que tratará essencialmente não de um filme cataclísmico, onde a
Terra será engolida por um Planeta chamado melancolia, isso tudo é simbólico
para tratar da depressão da protagonista de Justine (Kirsten Dunst), faço das
palavras de Žižek, o filme não se trata de pessimismo, mas sim de otimismo,
segundo o autor, só é possível ultrapassar essa sociedade, essa condição,
quando aceita a mesma como inevitável e uma alternativa possível.
Vemos que uma obra nem sempre pode significar
duramente, sem uma leitura um pouco nas entrelinhas do que a mesma quer passar.
Isso ocorre muito em filmes que por assim dizer; não querem se entregar
facilmente a cultura mainstream, ficam implícitos suas reais intenções. Tais
filmes citados poderiam ser cada deles um mero título de entretenimento, o que
não é ruim, mas ultrapassam essa questão.
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