Registros são os mais antigos encontrados fora da
África e primeiros indícios de vida humana no norte da Europa
Eles já
foram uma família britânica algum dia – quase um milhão de anos atrás. Foi o
que anunciaram arqueólogos, nesta sexta-feira (7), sobre a descoberta de
pegadas humanas na Inglaterra.
Arqueólogos
britânicos encontram pegadas mais antigas já registradas fora do continente
africano, no litoral da Inglaterra.
As marcas
datam de aproximadamente 800 mil e 1 milhão de anos - os registros mais antigos
encontrados fora da África e os primeiros indícios de vida humana no norte da
Europa.
Time de
pesquisadores do Museu Britânico, Museu da História Natural de Londres e da
Universidade Rainha Maria de Londres descobriram impressões de pelo menos cinco
indivíduos na lama de um estuário (área onde ocorre o encontro da água salgada
do mar com a água doce do rio) em Happisburgh, na costa leste da Inglaterra.
O
arqueólogo do Museu Britânico Nick Ashton disse que a descoberta – publicada
detalhadamente no jornal PLOS ONE – é uma “linha tangível para nossos primeiros
parentes humanos”.
Preservadas
em camadas de lodo e areia por centenas de milênios antes de serem expostos
pela maré no ano passado, as marcas dão um exemplo vívido das marcas de alguns
dos nossos ancestrais mais antigos.
As pegadas
foram deixadas por um grupo que inclui pelo menos duas crianças e um homem
adulto. Eles podem ter sido uma família que buscava comida às margens de um rio
– talvez o Tâmisa antigo, de acordo com os cientistas - onde bisões, mamutes,
rinocerontes e hipopótamos andavam.
O
arqueologista e professor na Universidade de Southampton, que não estava
envolvido no projeto, disse que a descoberta é “tremendamente significante”.
"Isso
é tão tangível”, ele disse. “É o mais próximo que conseguiremos saber sobre as
pessoas”.
“Quando eu
ouvi falar sobre isso, era como se estivesse ouvindo a primeira linha de
Jerusalém (canção sacra de William Blake) pela primeira vez – E aquelas pés, no
tempo antigo, caminharam sobre as montanhas verdes da Inglaterra? Bem, eles
caminharam sobre o estuário lamacento”.
Os
pesquisadores disseram que as marcas foram deixadas pelo antecessor do Homo, ou
o “homem pioneiro”, cujos fósseis foram encontrados na Espanha. O Homo morreu
há cerca de 800 mil anos.
Ashton
disse que as pegadas são de pelo menos 800 mil anos — "pela estimativa de
conservação” - aproximadamente 100 mil anos mais velhos do que a primeira
estimativa de habitação humana na Inglaterra.
Isso é
significante porque 700 mil anos atrás, o país tinha um clima quente, estilo
Mediterrâneo. O período anterior a esse era muito mais frio, similar ao dos
dias atuais da Escandinávia.
O
arqueologista do Museu de História Natural Chris Stringer disse que entre 800
mil a 900 mil anos atrás, o solo britânico era “O fim do mundo habitável”.
“Isso nos
faz repensar nossos sentimentos sobre a capacidade desse povo primitivo, eles
estava lidando com condições climáticas um pouco mais frias do que as dos dias
atuais”, ele disse.
“Talvez
eles tenham adaptações culturais que nós não teríamos nem pensado que era
possível 900 mil anos atrás. Eles usavam roupas? Será que eles faziam abrigos,
quebra-ventos ou coisas assim? Eles teriam feito uso do fogo?”, questionou.
Cientistas datam as
pegadas por meio de estudo de suas posições geológicas e dos fósseis de animais
extintos nesse período, incluindo o mamute.
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